quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Mãe acusa escolas em Campinas de rejeitar filha com doença de pele rara (Postado por Lucas Pinheiro)

 Um tom de desânimo marca a fala da dona de casa Suzana Matsumoto quando o assunto é a busca por um colégio particular em Campinas (SP) que aceite matricular a filha Letícia. A criança de 7 anos tem epidermólise bolhosa, uma doença de pele rara que não tem cura, mas que não é contagiosa. O caso foi denunciado pelo jornal Folha de S. Paulo. "Eu ensinei ela a escrever o próprio nome. Agora temos de pagar cerca de R$ 600 mensais para uma professora particular, o que prejudica nosso orçamento", explica a mãe.

Na tentativa de garantir o aprendizado de Letícia, a dona de casa alega que foi rejeitada por quatro colégios particulares da cidade: Asther, Contemporânea, Lyon e Renovatus. Um laudo médico confirma que a criança pode realizar atividades normais na escola.

Com receio de expôr a filha, a dona de casa mostra um desenho feito por Letícia e conta que a procura começou há dois anos. No período, desistiu algumas vezes após outras recusas. "A diferença da Letícia para outras crianças é que ela pode se machucar mais, requer alguns cuidados na hora das brincadeiras. Não deram sequer a oportunidade dela ir aos colégios", ressalta Suzana.

A mãe de criança explica ainda que não procurou por instituições públicas, pois quer oferecer a mesma oportunidade que o filho, de 8 anos, recebe ao estudar em um colégio privado. "A escola dele não oferece um espaço físico adequado, por isso não a procurei", explica Suzana. Além de um antialérgico, Letícia também usa um antiinflamatório para atenuar eventuais dores pelo corpo.

 A doença
Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a epidermólise bolhosa é uma doença genética que atinge crianças, jovens e adultos. Ela é caracterizada pela fragilidade da pele e mucosa, sobretudo em áreas de maior atrito, que podem ter formações de bolhas ou feridas em caso de traumas (batidas), além de prejudicar a realização de movimentos.

A demartologista da PUC-Campinas Caroline Romanelli explica que a doença não é contagiosa, mas aponta a necessidade dos pacientes em prevenir acidentes e receberem cuidados multidisciplinares. "A criança precisa aprender a não se machucar, mas o desenvolvimento é normal. Por isso, é importante enfatizar a importância da inclusão social", explica. A assessoria da SDB não soube dizer qual a incidência da doença no país.

Luta por direitos
A advogada da família, Claudia Hakim, espera que os responsáveis pelos colégios de Campinas mostrem sensibilidade com a repercussão do caso. Se o impasse permanecer, ela explica que vai entrar com ação na Justiça para garantir o direito de Letícia de estudar em uma das escolas procuradas por Suzana. "A ideia inicial é de que eles recebam as crianças nessa situação sem obrigação, embora o direito seja garantido pela Constituição Federal. Há casos em que tudo fica 'por isso mesmo'. O governo também deve estar atento à preparação das escolas públicas", ressalta a defensora.

Outro lado
O G1 entrou em contato com os quatro colégios citados por Suzana. A coordenadora do Asther, Valéria Dellafina Barone, explica que o colégio não aceitou a matrícula de Letícia pois a instituição tem condições de atender somente um aluno de inclusão por sala. "Temos que ser honestos com os pais e fazer um trabalho de qualidade. Infelizmente as vagas estão ocupadas", explica a coordenadora.

A diretora pedagógica do Colégio Lyon, Gabriela Velasco, diz que a instituição foi procurada pela mãe de Letícia neste mês. Ela diz que a escola espera pela apresentação de laudos médicos para saber se é possível oferecer um atendimento adequado à criança.

Em nota, a direção do Renovatus alega que atende casos de inclusão e recebeu Suzana no ano passado. O colégio informa que procurou a mãe da criança para saber se ela teria interesse na matrícula e houve recusa. "O argumento de Suzana era de que já havia encontrado uma outra unidade de ensino para matricular a filha", informa a nota.

A direção da Escola Contemporânea não atendeu o G1 até a publicação da reportagem.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Fuvest abre nesta sexta-feira as inscrições para o vestibular 2013 (Postado por Lucas Pinheiro)

 A Fuvest abre nesta sexta-feira (24) as inscrições para o vestibular 2013. Os candidatos a vagas na Universidade de São Paulo (USP) e na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa poderão se inscrever pelo site www.fuvest.br até o dia 10 de setembro.

A taxa de inscrição é de R$ 130. O período de pedidos de isenção já foi encerrado. Neste ano, os candidatos disputarão um total de 11.082 vagas: 10.982 delas em cursos da USP e 100 vagas no curso de medicina da Faculdade da Santa Casa de São Paulo. O vestibular passado registrou mais de 146 mil inscritos.


As provas serão realizadas em 26 municípios do estado de São Paulo. Na região metropolitana haverá exames em Diadema, Guarulhos, Mogi das Cruzes, Osasco, Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul e São Paulo. No interior do estado a Fuvest aplicará provas em Barretos, Bauru, Campinas, Franca, Jundiaí, Lorena, Marília, Mogi Mirim, Piracicaba, Pirassununga, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Santos, São Carlos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Sorocaba e Taubaté.

A prova da primeira fase será em 25 de novembro. A prova terá 90 questões de múltipla escola sobre disciplinas do núcleo comum obrigatório do ensino médio: português, história, geografia, matemática, física, química, biologia, inglês, e terá algumas questões interdisciplinares. A duração da prova será de cinco horas.

As provas da segunda fase serão realizadas de 6 a 8 de janeiro de 2013. No primeiro dia, os candidatos vão responder a dez questões de português e farão uma redação; no segundo dia a prova constará de 16 questões sobre história, geografia, matemática, física, química, biologia e inglês. As questões poderão abranger conhecimentos de mais de uma disciplina, inclusive português. No terceiro dia, a prova terá 12 questões de duas ou três disciplinas, de acordo com a carreira escolhida. Todas as provas terão quatro horas de duração.

A Fuvest lembra que a partir de 1º de janeiro de 2013, estarão em vigor as normas do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A lista dos aprovados sairá em 2 de fevereiro de 2013.

A Universidade de São Paulo tem um Programa de Inclusão Social (Inclusp) com duas formas de estimular o ingresso de estudantes egressos da escola pública em seus cursos. Para o Programa de Avaliação Seriada da USP (Pasusp), as inscrições estão encerradas desde o dia 15. A outra forma de estímulo é chamada de Sistema de Pontuação Acrescida que permite aos estudantes que cursaram integralmente o Ensino Médio em escolas públicas brasileiras e que não tenham se inscrito no Pasusp, optar por acréscimo nas notas da 1ª e 2ª fases, segundo cálculo baseado no desempenho do vestibulando na prova da primeira fase. Esse bônus pode corresponder a 8% da nota.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Greve 'trava' ano letivo, mas não afeta vestibulares de universidades federais (Postado por Lucas Pinheiro)

 Salas vazias, matrículas do segundo semestre suspensas, indefinição sobre quando as aulas vão voltar e, principalmente, quando o ano letivo vai terminar. A greve dos professores das universidades federais completou três meses na sexta-feira (17). Na maioria das unidades, as matrículas do segundo semestre ainda não foram feitas, e a previsão do Ministério da Educação é que o ano letivo siga até fevereiro de 2013 em várias instituições.

As universidades garantem, no entanto, que os processos seletivos para a entrada de novos alunos no ano que vem não vão sofrer alterações. A maioria usa o Sistema Nacional de Seleção Unificada (Sisu), como processo seletivo, com base nas notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que será no início de novembro. Outras fazem um processo misto, com algumas vagas do Sisu e outras pelo vestibular próprio da instituição.

 Em algumas universidades federais, os professores votaram pelo fim da paralisação, mas na grande maioria das 59 universidades federais a greve continua.  Até a noite de sexta-feira (17), cinco universidades haviam encerrado a greve: as federais do Rio Grande do Sul (UFRGS); de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e da Universidade de Brasília (UnB), de São Carlos (Ufscar) e de Santa Catarina (UFSC). Na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), professores do campus de Guarulhos, na Grande São Paulo, votaram na quinta-feira (16) pelo fim da greve, que continua nos demais campi.

Além disso, 12 campi do Instituto Federal do Paraná (IFPR) e três do Instituto Federal do Acre (IFAC) também decretaram o fim da paralisação, segundo nota divulgada pelo Ministério da Educação. O MEC afirmou ainda que "tem acompanhado junto às instituições os planos de reposição das aulas perdidas durante a greve e pretende supervisionar diretamente a aplicação do calendário letivo".

Enquanto a greve não termina -- pelo menos em 52 das 57 instituições participantes do movimento nacional ela segue sem previsão de fim --, as matrículas do segundo semestre estão suspensas tanto para alunos antigos quanto para calouros, já que as aulas do primeiro semestre ainda não foram concluídas na grande maioria dos cursos. Em alguns casos, os professores que finalizaram o semestre não lançaram as notas nos sistemas das instituições, já que os servidores técnicos e administrativos também estão parados. Veja abaixo a situação nas universidades federais:

Amazonas
Em decorrência da paralisação docente, iniciada no dia 17 de maio, o calendário acadêmico da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) foi comprometido. Segundo a reitoria, as atividades previstas em 36 dias letivos do primeiro semestre de 2012 deixaram de ser executadas. Além disso, 11 dias do segundo semestre já foram perdidos, já que o fim das férias de julho deveria ter ocorrido em 6 de agosto.

 Bahia
Pelo menos 62 mil estudantes são afetados pela greve dos professores da Universidade Federal da Bahia (Ufba), da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), do Instituto Federal da Bahia (IFBA) e do Instituto Federal Baiano (IF Baiano), que dura mais de três meses no estado. Na Ufba, as inscrições do vestibular foram adiadas, mas as datas das provas, em janeiro, foram mantidas.

Ceará
A greve na Universidade Federal do Ceará (UFC) e na Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (Unilab) começou no dia 11 de junho, quase um mês depois da maior parte das universidades federais do país. De acordo com o pró-reitor de graduação da UFC, Custódio Almeida, a greve foi iniciada quando faltavam 12 dias para o término do primeiro semestre letivo e, por isso, 800 alunos já colaram grau. Com o fim da greve, ele afirma que o primeiro semestre deve ser concluído em três semanas.

Logo em seguida, serão iniciadas as matrículas para o segundo semestre. “A matrícula para o semestre só pode acontecer quando todas as notas são lançadas”, explica. Ele afirmou que o segundo semestre deve se prolongar até pelo menos fevereiro de 2013 ou por mais tempo, caso a paralisação não acabe em agosto.

Segundo a UFC, o ingresso na universidade não está prejudicado porque o processo é feito por meio do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu).

A Unilab organiza seu calendário de 200 dias letivos em três trimestres de 67 dias. Quando a greve foi iniciada, a universidade havia encerrado o primeiro trimestre do ano. Portanto, o processo de matrícula para 292 novas vagas pode ser realizado. Após a matrícula dos convocados na 3ª chamada da lista de espera do SiSU, a Unilab continua com disponibilidade de 50 vagas em seis cursos e faz uma 4ª chamada da lista nos dias 21 e 22 de agosto.

Distrito Federal
Os professores da Universidade de Brasília (UnB) decidiram em assembleia na tarde da sexta-feira (17) encerrar a greve iniciada no dia 21 de maio. Segundo a assessoria da Associação dos Docentes da UnB (Adunb), o fim da greve foi aprovado por 130 votos a favor e 115 contra. Houve ainda três abstenções. As aulas na universidade serão retomadas na próxima segunda-feira (20).

Espírito Santo
A greve na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) completou três meses nesta sexta-feira (17) e nem todos os cursos conseguiram encerrar o primeiro semestre do ano letivo, que deveria ter terminado em julho. De acordo com a reitoria, a adesão ao movimento é parcial e, por esse motivo, alguns professores continuaram dando aulas normalmente até o período de recesso previsto pelo calendário acadêmico.

Já segundo a Associação dos Docentes da Ufes (Adufes), a adesão é maior que 50%. Ainda não é possível realizar matrículas e rematrículas de alunos, já que o serviço foi suspenso pela instituição.

Goiás
A greve da Universidade Federal de Goiás (UFG) completou 67 dias na sexta-feira (17) e já é possível verificar prejuízos aos estudantes da instituição. O primeiro semestre não foi concluído e as matrículas para o segundo estão suspensas até que as atividades sejam retomadas. Na semana passada, duas colações de grau, dos cursos de medicina veterinária e agronomia, foram suspensas. Se a paralisação continuar, outras 11, previstas para setembro, poderão ser afetadas.

Segundo a pró-reitora de graduação da UFG, Sandramara Matias Chaves, o semestre não foi concluído pois, devido à greve dos servidores e dos professores, não havia todas as notas no sistema.

Maranhão
Não há previsão para retomada das aulas na Universidade Federal do Maranhã (UFMA). Quando a greve acabar os professores vão definir a reposição das aulas. Segundo o diretor da Associação de Professores da Universidade Federal do Maranhão (Apruma), Vilemar Gomes da Silva, o calendário acadêmico será reformulado após o fim da paralisação, e a adesão dos docentes ao movimento, que chegou a ser de 100% no início da greve, hoje gira em torno de 80% do total de professores.

Mato Grosso
Os professores da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) estão em greve há 93 dias. Ainda não há previsão de retomada do calendário letivo, que está suspenso para 19.385 estudantes. A Associação dos Docentes da UFMT (Adufmat) afirma que rejeitou a proposta do governo porque defende que os reajustes propostos tenham que ser aplicados em cima dos salários com base na inflação prevista para o período.


Mato Grosso do Sul
Por conta da greve dos professores, os alunos da Universidade Federal de Grande Dourados (UFGD) perderam 34 dias de aulas no fim primeiro semestre e 17 dias no segundo semestre. As notas dos alunos não foram lançadas no sistema da universidade. De acordo com o calendário acadêmico da UFGD, as aulas do segundo semestre deveriam começar no dia 30 de julho, mas até o momento, as matrículas não foram abertas. Já são 51 dias letivos perdidos até agora.

A assessoria de imprensa da UFGD informou ao G1 que, assim que for decretado o fim da greve, o calendário acadêmico será alterado para que sejam estabelecidos novos prazos e novas grades de aulas para os cursos. A assessoria informou ainda que a universidade não abriu as matrículas para o segundo semestre, porque o primeiro não foi encerrado.

Ainda de acordo com a universidade, os acadêmicos não correm o risco de perder o segundo semestre, mas poderão ocorrer atrasos no término das aulas. A forma como ocorrerá a reposição de aulas só será definida após o fim da paralisação na instituição.

Na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), os professores seguem em greve e vão debater a proposta mais recente do governo em assembleias nos 11 campi da instituição.

 Minas Gerais
De acordo com a reitoria da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), poucas aulas foram perdidas no primeiro semestre por causa da greve de professores, e mais de 50% das notas foram lançadas no diário eletrônico, ainda que muitas ainda estejam pendentes. Já em relação ao segundo semestre, as atividades deveriam ter tido início no dia 6 de agosto, mas até esta sexta-feira já são nove os dias de aula que vão precisar de reposição.

A instituição ressaltou que haverá reposição integral, porém, o calendário vai ser definido após a finalização da greve. Matrículas de calouros e veteranos não foram prejudicadas, e o próximo vestibular vai ser realizado normalmente. As inscrições vão até o dia 10 de setembro.

As aulas também estão suspensas há três meses nas dez unidades do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG), mas as matrículas dos novos alunos foram feitas normalmente, e o calendário do vestibular permanece o mesmo. “Estamos simulando o calendário considerando cada segunda-feira como possível início de aulas, independente do plano político”, disse diretor-geral da instituição, Marcio Basílio. No entanto, ainda não há previsão para o recomeço das aulas.

Nas universidades federais de Lavras (Ufla), São João del Rei (UFSJ) Juiz de Fora (UFJF), Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM) e Viçosa (UFV), nenhum curso encerrou o primeiro semestre, mas ainda não há uma definição de reposição de aulas. As matrículas do segundo semestre estão suspensas para novos e antigos alunos, e o calendário do vestibular 2013 não deve sofrer mudanças.

Os alunos da Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) também estão sem aulas há mais de 90 dias e apenas o 9º período de medicina concluiu o primeiro semestre. De acordo com o pró-reitor da universidade, Jorge Adílio Penna, as aulas serão repostas e não há risco de perda do semestre. Quem passou no vestibular no meio do ano só será matriculado após a definição do segundo semestre letivo. Para os veteranos, a matrícula também está suspensa, mas a seleção das vagas para 2013, feitas pelo Sisu, não está comprometida.

Na Universidade Federal de Alfenas (Unifal), todos os cursos estão atrasados porque a adesão foi total. As matrículas e o calendário do segundo semestre estão suspensos até o fim da paralisação, mas, segundo a reitoria, o vestibular de 2013 está ameaçado.

Já na Universidade Federal de Itajubá (Unifei), os professores não aderiram à greve nacional, mas as aulas estão suspensas por causa da greve dos técnicos administrativos. Segundo a assessoria da universidade, não há previsão para o início das aulas.

Paraná
A reposição de aulas na Universidade Federal do Paraná (UFPR) deve ser negociada com os professores apenas quando a greve terminar. As notas que foram lançadas no sistema após a deflagração do movimento não foram computadas. Para os calouros que começariam as aulas em agosto, a UFPR afirma que vai garantir as vagas mesmo que haja cancelamento do calendário previsto. O vestibular está mantido e as inscrições começaram na sexta (17).

O calendário letivo da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) está suspenso desde 29 de junho em todos os campi, menos o de Guarapuava. Não há definição sobre a reposição das aulas e os alunos não concluíram o primeiro semestre. As matrículas para o segundo semestre ainda não foram iniciadas e por enquanto, não há definição. A universidade ainda informou que apenas as duas primeiras chamadas do Sisu, feitas pelo MEC, foram cumpridas. As demais convocações serão feiras pela Pró-Reitoria de Graduação na terça-feira (21).


Já na Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), somente quando a greve acabar os alunos vão terminar o primeiro semestre e serão feitas as matrículas para o segundo semestre. O processo seletivo utilizado pela universidade é o Enem, e de acordo com a reitoria, não há definição de como e quando os novos alunos serão selecionados.

Paraíba
Segundo a assessoria da associação dos docentes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), não há risco de cancelamento do semestre na instituição. A reposição das aulas só será discutida quando houver um acordo. O calendário do vestibular ainda está mantido, e a Coperve informou que o prazo de inscrições foi ampliado.

A paralisação na Universidade Federal de Campina Grande completou três meses nesta sexta com aulas suspensas e todos os cursos sem conclusão. Não deve haver cancelamento de semestre, mas, até agora, nenhum aluno foi matriculado no segundo período letivo. O calendário do vestibular da instituição está mantido.

Pernambuco
As universidades Federais de Pernambuco (UFPE), Rural de Pernambuco (UFRPE) e do Vale do São Francisco (Univasf) informaram que a greve não altera o vestibular do ano que vem. UFRPE e Univasf têm seleção exclusiva pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e, com isso, têm o calendário definido pelo Ministério da Educação. A UFPE, que possui seleção própria atrelada ao Enem, informa que também não deve ter alterações.

As instituições esperam o fim do movimento grevista para poderem reordenar o calendário e estudar como as aulas podem ser repostas. Na UFRPE, as matrículas para o segundo semestre devem acontecer apenas após a conclusão do primeiro semestre. Os novos alunos, que fizeram a matrícula no começo do ano, não precisam se preocupar. A universidade informa que as vagas estão garantidas, a questão é apenas o início das aulas. Na UFPE e Univasf, o calendário acadêmico só deve ser discutido após a finalização do movimento grevista.

Rio de Janeiro
A assessoria de imprensa da Universidade Federal Fluminense (UFF), que aderiu à paralisação em 22 de maio, afirmou que a reposição dos dias de aulas perdidos --até agora, são 36-- só será definida após o encerramento do movimento grevista. Para o vestibular 2013, a UFF vai oferecer todas as suas vagas pelo Sisu, que não deve ter o cronograma alternado. No entanto, apesar de matriculados no primeiro semestre, os estudantes aprovados só devem iniciar o ano letivo de 2013 em maio.

Na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) o calendário será reformulado para atender aos 200 dias letivos exigidos pela Lei de Diretrizes Básicas. Haverá um intervalo de 15 dias entre os períodos. O calendário também só será aprovado após o fim da greve. As matrículas para o segundo semestre já foram efetuadas no início do ano pelo Sisu, já que a universidade adotou o Enem como avaliação de ingresso. As vagas oferecidas para o vestibular 2013 não serão alteradas.

Na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a greve continua e não há previsão para definição do calendário letivo. O processo seletivo será feito pelo Sisu, com as notas do Enem.

Rio Grande do Norte
Na Universidade Federal Rural do Semi-Árido (Ufersa), o segundo semestre não tem data para começar, nem as matrículas dos alunos que conseguiram vaga na instituição por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). O Exame Nacional do Ensino Médio é a única forma de ingresso na Ufersa.

Rio Grande do Sul
Desde que a Universidade Federal do Rio Grande (Furg) aderiu ao movimento nacional de greves e paralisou suas atividades, o panorama nas instituições federais de ensino gaúchas segue inalterado. As universidades federais do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Santa Maria (UFSM), do Rio Grande (Furg), de Pelotas (Ufpel), do Pampa (Unipampa), de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e o não encerraram oficialmente o primeiro semestre.

Com a exceção dos alunos da UFCSPA e do curso de economia da Ufpel, os calendários acadêmicos das universidades restantes permanecem indefinidos.

Na maior universidade federal do Rio Grande do Sul, a UFRGS, os professores decidiram encerrar a greve em assembleia no dia 6 de agosto. O novo cronograma de matrículas para o segundo semestre será definido no dia 22 de agosto, após reunião do Conselho de Extensão e Pesquisa (CEP). A instituição já levantou a possibilidade de que as aulas sejam estendidas até janeiro de 2013. Os servidores da universidade seguem em greve.

Rondônia
Por causa da greve, o calendário do segundo semestre, as matrículas e o vestibular 2013 estão suspensos na Universidade Federal de Rondônia (Unir). Nenhum curso da instituição teve o primeiro semestre concluído, já que todos aderiram à greve. Até agora, portanto, nenhum aluno teve as notas lançadas no portal.

Um dos prejuízos mais sérios para os estudantes, segundo a Unir, é que muitos têm perdido oportunidades de emprego pela falta do diploma. Quem passou no concurso público para professor municipal e precisava do diploma para ser contratado não pôde assumir o cargo.

As turmas dos cursos de enfermagem, direito e medicina previstas para agosto não iniciaram o semestre. O vestibular previsto para 54 dos 56 cursos da universidade também fica temporariamente suspenso e será normalizado apenas após o fim da greve.

 Santa Catarina
A greve na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi encerrada na quinta-feira (16), mas a reposição das aulas ainda será discutida. Os professores aguardam o fim da greve dos técnicos-administrativos. As aulas deveriam ter começado dia 6 de agosto. Com o anúncio do fim da greve dos professores, nova data deve ser definida pelo Conselho Universitário na próxima semana. De acordo com a instituição, não é necessário que os estudantes façam nova matrícula.

São Paulo
Os alunos do campus de São José dos Campos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) já perderam 35 dias letivos até a sexta-feira (17). O problema arrasta para 2013 a formatura da terceira turma, que iria se formar no fim deste ano, já que ainda não há definição sobre o calendário de reposição das aulas. O segundo semestre terá início apenas quando forem concluídas as aulas do primeiro semestre. Já no campus de Guarulhos, os professores encerraram a greve na quinta-feira (16). A data para o retorno às aulas, no entanto, só será definida na quinta-feira (23), em uma nova reunião com a congregação.

Mesmo com o fim da greve de 49 dias dos professores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), estudantes ainda enfrentam dificuldades por conta da greve dos servidores, deflagrada no dia 11 de junho. Fazer a matrícula para o segundo semestre por meio do portal do aluno, por exemplo, não é possível.

Sergipe
Os estudantes antigos da Universidade Federal de Sergipe (UFS) não conseguiram se matricular no segundo semestre do ano letivo, já que a instituição só vai ajustar o calendário após a reposição das aulas do primeiro semestre, que ainda não acabaram. Os professores continuam em greve e pedem que o governo reabra as negociações sobre a reestruturação da carreira docente. O novo calendário só será discutido após o fim da paralisação.

Já os calouros aprovados na universidade no processo seletivo de meio de ano continuam sem data para efetuar sua matrícula. A universidade, porém, descarta o risco do cancelamento dessas novas turmas.

Colaboraram o G1 AM, G1 BA, G1 CE, G1 DF, G1 ES, G1 GO, G1 MA, G1 MG, G1 MS, G1 MT, G1 PA, G1 PB, G1 PE, G1 PR, G1 RJ, G1 RS, G1 SC, G1 SE e G1 SP

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Greve nas federais faz 3 meses com impasse entre governo e professores (Postado porr Lucas Pinheiro)

 A greve dos professores das universidades federais completa três meses nesta sexta-feira (17) com um grande impasse entre o governo e os sindicatos da categoria. O governo apresentou duas propostas neste período, e fechou um acordo de reajuste salarial com uma das entidades docentes, a Federação de Sindicatos de Professores de Instituições Federais de Ensino Superior (Proifes). No entanto, as outras duas entidades docentes, o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino (Andes) e o Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica e Tecnológica (Sinasefe), que iniciaram o movimento de greve, não aceitaram a proposta.

O governo federal diz que a negociação está encerrada e pressiona as reitorias das universidades a planejar o calendário de reposição de aulas. Por outro lado, Andes e Sinasefe afirmam não reconhecer o acordo e pressiona o governo a reabrir o diálogo. Nesta quinta-feira (16), o sindicato protocolou no Palácio do Planalto uma carta dirigida à presidenta Dilma Rousseff pedindo reabertura imediata das negociações com os docentes em greve.

A greve foi iniciada em 17 de maio. Do total de 59 universidades, 57 aderiram à paralisação, além dos 37 institutos, centros de educação tecnológica e o Colégio Pedro II. Apenas a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a Universidade Federal de Itajubá (Unifei) não aderiram ao movimento. De acordo com a Andes, professores de 52 instituições realizaram novas assembleias após o governo assinar o acordo com o Proifes e votaram pela continuidade da greve.

Nesta quinta-feira (16), os professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) votaram pelo fim da greve nos quatro campi da universidade: Florianópolis, Araranguá, Joinville e Curitibanos. A greve começou no dia 11 de julho, após o final do primeiro semestre letivo. Os servidores técnico-administrativos continuam parados.

As principais reivindicações dos servidores são o aumento do piso salarial em 22,8% e a correção das pendências da carreira desde 2007. O piso atual é de R$ 1.034. Os servidores fizeram uma greve de quase quatro meses no ano passado, mas não houve negociação com o governo e a paralisação foi encerrada.

 Durante todo este período, o governo apresentou duas propostas aos grevistas. A primeira, apresentada no dia 13 de julho, daria reajuste de até 45% aos professores em 3 anos e traria impacto de R$ 3,9 bi aos cofres públicos, foi rejeitada. Na época, Mercadante havia dito que não havia "margem" para um aumento maior, por causa da crise.

A segunda proposta mantém o reajuste máximo de 45% em 3 anos, mas aumenta o piso do reajuste para 25%. O custo total será de R$ 4,2 bilhões até 2015.

Pela nova proposta, o salário inicial, por exemplo, de um professor com doutorado e de dedicação exclusiva passará nos próximos 3 anos dos atuais R$ 7.627,02 para R$ 8.639,50.

Já o salário inicial dos professores iniciantes com mestrado e dedicação de 40 horas saltará de R$ 3.137,18 para R$ 3.799,70.

A remuneração do professor titular com dedicação exclusiva – aqueles que estão no topo da carreira – passará de R$ 11,8 mil para R$ 17,1 mil. O governo propôs também diminuir a quantidade de níveis da carreira de professor universitário, de 17 para 13, alegando que assim facilitaria a progressão dentro da profissão.

Até o dia 31, o governo enviará projeto de lei ao Congresso Nacional com os termos acordados no documento assinado nesta sexta e incluirá no Projeto da Lei Orçamentária Anual o valor que permitirá o pagamento, em 2013, da primeira parcela do reajuste proposto.

Greve de servidores
Além da greve dos professores, as universidades federais estão com muitas de suas atividades administrativas paradas por causa da greve dos servidores técnico-administrativos, iniciada em 11 de junho. As negociações com o governo federal prosseguem. Nesta semana, o governo realiza uma série de reuniões com sindicatos de servidores para negociar reajustes e criação de planos de carreiras com o objetivo de por fim às paralisações de dezenas de categorias.

Para os servidores das universidades, o governo manteve sua oferta anterior de 15,8% de reajuste parcelado em três vezes até 2015, já apresentada na semana passada. A novidade foi a reestruturação de alguns cargos, o que provocou aumento do orçamento de R$ 1,7 bilhões para R$ 2,9 bilhões. Os servidores, porém, reivindicam aumento de 25%, sendo 15% já em 2013. Uma nova reunião está prevista para esta sexta-feira (17).

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Menos de 3% das escolas batem a média nacional no Ideb para 2021 (Postado por Lucas Pinheiro)

 Dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) para 2011, divulgados pelo Ministério da Educação na terça-feira (14), mostram que menos de 3% das escolas públicas dos anos finais do ensino fundamental igualaram ou superaram, no ano passado, a meta do Brasil para 2021.

A edição mais recente do índice calculou os dados de 30.842 escolas do fundamental II, e 908 delas, ou 2,94% do total, somaram 5,5 pontos, patamar que o governo só pretende alcançar na média brasileira para este ciclo do fundamental daqui a nove anos. O Ideb Brasil é uma média do índice de todas as escolas.

Já para os primeiros anos do fundamental (1º ao 5º ano), a meta média brasileira para 2021 é de 6,0. No Ideb 2011, 5.200 escolas tiveram índice igual ou acima de 6,0. Esse grupo de "superescolas", que tiveram resultados bem mais avançados que o resto do Brasil, representa 12,88% das 40.382 escolas deste nível de ensino com Ideb calculado no ano passado.

A comparação não pode ser feita no ensino médio porque o MEC divulga apenas as médias das redes de ensino nas unidades da federação e no nível brasileiro.

 Metas e média
As escolas que se anteciparam em uma década o índice esperado para o Brasil, porém, têm suas próprias metas para bater, e não é incomum que uma instituição com Ideb alto acabe ficando abaixo do esperado. Um exemplo é o Colégio de Aplicação do Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco, no Recife. Com Ideb de 8,10, a escola foi, pela terceira vez consecutiva, a melhor do país no seu ciclo.

Desde 2007, seu primeiro ano de participação no índice, ela tem tido resultados acima de 8 e, portanto, sempre puxou a média brasileira para cima. Porém, como partiu de um patamar alto, as expectivas para o Colégio de Aplicação da UFPE também são mais altas que para outras escolas brasileiras. A meta da instituição para 2011 era 8,3. Para 2021, é de 8,8.

"É muito mais difícil você alcançar a meta prevista à medida que você vai subindo degraus. É difícil se manter, é um esforço permanente", afirmou Mozart Neves Ramos, conselheiro do movimento Todos Pela Educação e membro do Conselho Nacional de Educação (CNE). Segundo ele, a porcentagem de escolas com Ideb baixo que conseguiram alcançar suas metas em 2011 é muito maior do que a proporção de colégios com Ideb acima de 6,0 que seguem evoluindo dentro da projeção.

 As metas para 2021 foram estabelecidas em 2007, quando o Ideb foi criado, como um padrão de qualidade para as escolas de cada nível, com base nos indicadores educacionais dos países europeus. "Naquela época, havia a compreensão de que esse seria o valor de referência de qualidade dos países da comunidade europeia", afirmou Ramos.

O especialista explicou que o valor 6,0, meta do ensino fundamental I brasileiro para 2021, também é uma média para a Europa. Ele deu como exemplo a Finlândia, país conhecido por seus índices de educação de excelência. "A média do 'Ideb' finlandês é 7,0, a média da comunidade europeia é 6,0."

Como cada nível de ensino tem suas especificidades, a média considerada de qualidade é diferente nos anos iniciais e finais do fundamental, e também no ensino médio. É por isso, diz Ramos, que as metas do ensino fundamental II (5,5) e do ensino médio (5,2) são menores que a do fundamental I. "O problema do ensino médio que se observa hoje com muita gravidade no Brasil é também preocupante na comunidade europeia. Hoje há uma crise no ensino médio, a escola do jovem no mundo, de forma geral, está passando por uma grande crise, a gente vê isso na comunidade europeia também."

Manutenção da qualidade
O fato de uma escola ter atingido a meta com dez anos de antecedência não significa, porém, que ela não deva seguir investindo na melhoria da gestão escolar. Segundo os dados do Inep, das 536 escolas dos anos finais do fundamental que, em 2009, atingiram a média brasileira para 2021, apenas 305 se mantiveram, dois anos depois, acima do patamar considerado de qualidade compatível com a média europeia.

Outras 30 escolas não tiveram participação de alunos suficiente para terem seu Ideb 2011 calculado, e 201 tiveram resultado inferior a 2009 e acabaram saindo do seleto grupo de instituições igualadas, no Ideb anterior, aos índices de alguns países de primeiro mundo.

No caso dos anos iniciais do fundamental, das 3.240 escolas que se adiantaram à meta média nacional em 2009, 683 caíram de rendimento dois anos depois e ficaram com índice abaixo dos 5,5 esperados para o Brasil em 2021.

 Entenda o Ideb
O índice foi criado pelo MEC em 2007 para medir a qualidade no ciclo básico de ensino. Ele é feito a cada dois anos e já tem quatro edições (2005, 2007, 2009 e 2011). Para chegar ao índice, o MEC calcula a relação entre rendimento escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e desempenho na Prova Brasil aplicada para crianças do 5º e 9º ano do fundamental e do 3º ano do ensino médio.

O Ideb possibilita analisar a qualidade da educação em uma determinada escola e nas diversas redes de ensino; no fundamental, é possível avaliar o desempenho dos municípios nas redes públicas e, no nível médio, o Ideb é divulgado por UF. Há também o Ideb Brasil, dividido entre as redes municipal, estadual e privada.

Como a Prova Brasil pretende analisar a qualidade da turma com a maior abrangência, os alunos fazem provas diferentes que só podem ser avaliadas em conjunto. Assim, não há nota individual.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Escola na zona rural do RJ fica em 2º no Ideb, mas poucos fazem faculdade (Postado por Lucas Pinheiro)

A longa estrada de terra, repleta de buracos e gado solto na pista é o caminho para chegar ao Colégio estadual Waldemiro Pita, que conquistou o primeiro lugar no estado do Rio de Janeiro e o segundo no Brasil, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Longe dos smartphones e alheios aos encantos da tecnologia e das redes sociais, os alunos da escola localizada em Monte Verde, distrito da zona rural de Cambuci, no Noroeste Fluminense, desbancaram as mais tradicionais instituições de ensino público do estado, como os colégios Militar, Pedro II e o Cap-UFRJ.

 A diretora Neliany Marinho, que atua há 28 anos na escola, explica que a nota 7,8 obtida na avaliação é consequência da interação entre professores e pais de estudantes. O terceiro lugar nacional no Ideb também foi de Cambuci, do Colégio estadual Oscar Batista, no distrito rural de São João do Paraíso.

“Eu falo para os alunos que a escola é a extensão da casa. Aqui todos têm que andar limpos, organizar o ambiente, respeitar os professores assim como os pais. O ambiente tem que ser tão agradável como o lar que eles vivem. Só assim o aluno se sente atraído pela escola e pelo estudo”, conta a diretora, que promove apresentações teatrais, excursões, exibições de filmes e rodas de leituras, para suprir a falta de cinema, teatro e centros culturais na cidade.

Único lugar com internet
O colégio também atrai os jovens por ser o único lugar do distrito onde há uma quadra poliesportiva e conexão de internet. Em Monte Verde, não há sinal de celular de nenhuma operadora. Para fazer uma ligação, é preciso se locomover até o distrito vizinho de Cruzeiro.

 “Eu tenho celular para ouvir música e tirar foto, não trago para a escola porque sei que ele não vai pegar mesmo. É difícil conhecer alguém aqui que tenha computador em casa. Tenho Facebook, mas não costumo usar com frequência”, explica Bruno Bertolino Soriano, de 15 anos.

Banco, farmácia, hospital, correios e supermercado também não estão nas calçadas de Monte Verde, que só tem asfalto até a escola. Assim que termina o colégio, acaba também o paralelepípedo. Para ter acesso a pouco mais de infraestrutura, é preciso encarar 18 km de estrada íngreme de barro. No entanto, quando chove, mesmo fraco, o acesso é fechado por ser muito perigoso.

Dessa forma, o jeito para se chegar ao Centro de Cambuci, é enfrentando uma rota de 65 km, sendo a metade em chão de terra, passando pelos municípios de Itaocara e Aperibé. Quando o G1 esteve na cidade, na tarde de terça-feira (14), foi preciso pegar carona no carro da Defesa Civil - um dos poucos da cidade com tração nas quatro rodas - para chegar à escola.

 Poucos alunos na faculdade
Apesar do alto rendimento e do interesse no estudo, poucos alunos do colégio Waldemiro Pita conseguem chegar ao ensino superior. Em Cambuci, não há faculdades, cursos de idiomas, aulas de informática, muito menos indústrias e empresas de grande porte. A atividade agrícola é o que move a economia da região.

A diretora da escola estima que cerca de 20% dos alunos sentam nas cadeiras das universidades. Os que chegam lá fazem questão de enviar as fotos da formatura à Neliany. Na parede da sala dela, há dezenas de postais de ex-alunos vestindo becas de professores, médicos, advogados e farmacêuticos.

“As opções mais próximas de faculdades ficam em Itaperuna e Campos dos Goytacazes, distantes mais de 50 km daqui. Fica complicado pagar o curso, transporte, moradia e alimentação. Infelizmente, já tiveram casos de alunos meus aprovados para instituições públicas que não puderam cursar por falta de dinheiro para pagar esses gastos”, conta a diretora.

 Poupança para estudo dos filhos
Para que o filho tivesse um caminho diferente, a professora Carminda Camposo e o comerciante Nilson Pereira juntaram, por mais de 20 anos, entre 50% e 70% de seus salários para gastar na educação de seus herdeiros. O filho mais velho, Lucas, de 25 anos, fez faculdade de química, trabalhou numa empresa multinacional no setor de petróleo, e no próximo dia 19 embarca para um intercâmbio de oito meses na Irlanda, onde vai estudar inglês.

“Só para o meu filho morar no exterior, juntamos mais de R$ 40 mil. Meu marido estudou apenas até a 4ª série primária, ele sempre sonhou com os meninos cursando uma faculdade, falando inglês e trabalhando numa grande empresa. Estou orgulhosa por saber que nosso planejamento deu certo”, se emociona Carminda.

Para garantir uma outra opção aos jovens de Monte Verde, Neliany pediu à Secretaria estadual de Educação a inclusão do curso de formação de professores. Neste ano, se forma na instituição a primeira turma de “normalistas”. Natasha Linhares, de 19 anos, é uma das futuras professoras.

“Eu já tinha acabado a escola e estava trabalhando com os meus pais na lavoura de tomate, mas quando soube do curso de formação de professores, voltei a estudar porque vou conseguir mudar de vida. Já estou focada em concursos públicos para a área e recebo muito apoio dos meus pais, que infelizmente não tiveram muitas chances de estudo”, comenta a jovem.

A diretora ressalta que a boa colocação do colégio no exame do Ideb e o aumento de ex-alunos ingressando no ensino superior estimularam os pais a voltar aos bancos escolares. “Tenho alunos de 70 anos que voltaram a estudar. São muitos os casos de pais de estudantes, que também são alunos do curso de supletivo. Aqui em Monte Verde, a escola é o principal ponto de encontro, união e troca de informações”, explica Neliany.

 Rio tem 5a pior escola do país
De acordo com a pesquisa do Ideb, a 5ª pior colocação no ranking nacional também é ocupada por uma escola do Rio. De 30.842 escolas de ensino fundamental do país, o Colégio estadual Lauro Sodré ficou com a posição 30.838.

Para o diretor da Região Metropolitana 3, que compreende a escola que ficou em último lugar no ranking estadual, a pouca atenção que a rede pública recebeu ao longo dos últimos anos justifica o resultado. Segundo ele, há pouco mais de um ano que começaram a ser adotadas intervenções sérias, visando a melhoria do desempenho das unidades escolares.

“Começamos a fazer alguma coisa de janeiro de 2011 para cá. A despolitização da educação foi primeira coisa. Atualmente, o diretor que não cumpre com o que lhe é solicitado é desligado. Agora existe processo seletivo para diretor adjunto e diretor geral”, afirmou Alan Marques, o diretor da Região Metropolitana 3.

Ele disse ainda que convocará a diretora do Colégio Lauro Sodré para fazer uma profunda análise dos dados e identificar em quais aspectos a escola precisa de investimentos. “Preciso saber quais problemas ela enfrenta lá. Teremos que analisar a escola por dentro. Ela e outras escolas em situação similar receberão atenção especial para mudar esse cenário”, garante Marques.

Desde 2005, a Lauro Sodré recebe notas cada vez mais baixas. Há sete anos, a unidade teve média 2,1. Em 2007, obteve 1,4 ponto. Dois anos seguintes, em 2009, teve média 1,0 e apenas 0,8 em 2011. De acordo com dados da regional, que compreende 60 bairros da Região Metropolitana do Rio - entre eles Ilha Governador, Maré, Alemão, Madureira Rocha Miranda e Higienópolis - o compartilhamento das escolas existe em aproximadamente 70% das 112 unidades da região, mas a meta do governo é mudar o panorama nos próximos anos.

sábado, 11 de agosto de 2012

Quase metade das universidades federais terá que criar cota social (Postado por Lucas Pinheiro)

A lei que institui cota de 50% das vagas nas universidades e institutos federais para estudantes oriundos de escolas públicas só deve ser obrigatória para todas as instituições a partir de 2016, mas reitores já estão se manifestando a respeito do texto. Ele foi aprovado pelo Senado Federal na terça-feira (7) e agora aguarda sanção da presidente Dilma Rousseff. Ao todo, são 59 universidades e 40 institutos, incluindo os centros de eduação tecnológica e o Colégio Pedro II, no Rio, que terão que se ajustar gradualmente à nova regra.

Pela lei aprovada, a cada ano será necessário implementar no mínimo 25% da reserva prevista no texto. Mas, atualmente, não existe cota social em 27 das 59 universidades federais. Além disso, apenas 25 delas possuem reserva de vagas ou sistema de bonificação para estudantes negros, pardos e indígenas.

As explicações para a falta de sistemas de ação afirmativa variam de acordo com a instituição. Na maioria delas, porém, a política foi debatida, mas os conselhos universitários decidiram que elas não são necessárias, segundo dados sobre o ingresso de novos alunos. Algumas universidades criticaram a aprovação da lei. Edward Madureira Brasil, reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), afirmou que ela fere a autonomia universitária. Na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a comissão responsável pelo vestibular afirmou que não pretende alterar o edital do processo seletivo, publicado antes da aprovação da lei.

Veja a repercussão da redação final da lei entre instituições de diversos estados do país:

Amazonas
A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) é uma das universidades que não oferece sistema de ação afirmativa, e deverá se adequar à nova lei. Segundo a professora Cristina Maria Borborema dos Santos, chefe do gabinete da reitoria, as vagas oferecidas atualmente pela Ufam são divididas igualmente em dois processos seletivos.

"Das 5.432 vagas oferecidas pela Ufam no primeiro semestre de 2012, 2.716 são referentes ao Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e a outra metade é referente ao Processo Seletivo Contínuo (PSC)", informou.

Bahia
As duas universidades federais da Bahia adotam atualmente sistema de cotas que destina 45% das vagas a estudantes oriundos de escolas públicas, com subdivisões entre afrodescendentes e indígenas de acordo com a predominância das cores ou raças. Caso o projeto de lei seja sancionado, a Universidade Federal da Bahia (Ufba) aumentaria em 400 vagas a reserva oferecida em 2012: das 7.951 vagas para os cursos de graduação, 3.578 vagas eram destinadas ao sistema de cotas.

A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) utiliza o Sisu como único meio de seleção, não realizando provas tradicionais do vestibular. No último processo seletivo, a universidade abriu 2.100 vagas, 45% delas (945) para negros e indígenas oriundos de escolas públicas. Esse número chegaria a 1.050, com a nova regra.

No Instituto Federal da Bahia (IFBA), que está com inscrições abertas até o dia 23 de setembro para o processo seletivo 2013 50% de vagas são destinadas a afrodescendentes, indígenas e outras etnias, além de professores da educação básica e portadores de necessidades especiais.

Ceará
A Universidade Federal do Ceará (UFC) pretende se adaptar de forma progressiva à lei. O pró-reitor de graduação da UFC, Custódio Almeida, defende que um terço da cota seja aplicada a cada ano, a partir de 2013. Em 2016, segundo a sugestão de Almeida, a UFC estaria cumprindo a lei, que exige que as universidades estejam adaptadas até este ano.

A UFC aprovou em 2012 5.784 candidatos em 2012, todos por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). A universidade nunca adotou sistemas de cota para ingressar na faculdade, mas debateu o assunto em 2006. "Na época houve votação, mas o conselho não aceitou as cotas raciais, em função de não ter havido muita discussão sobre o assunto", diz Almeida.

Distrito Federal
A Universidade de Brasília (UnB) informou nesta quarta-feira (8) que uma comissão formada por alunos e professores será criada para discutir a adaptação do sistema de cotas da instituição ao projeto de lei aprovado pelo Senado. A UnB foi a primeira universidade federal a instituir o sistema de cotas raciais e destina, desde junho de 2004, 20% das vagas para candidatos negros.

De acordo com o decano de ensino e graduação da UnB, José Américo Garcia, a adaptação no sistema pode ser feita rapidamente após o fim da greve. “É um processo rápido. Basta apenas a gente deliberar no nosso conselho. Deliberando, eu já consigo implementá-lo e já para 2013, para o próximo vestibular.”

Espírito Santo
Atualmente, a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e o Instituto Federal do estado (Ifes) trabalham com o sistema de cotas sociais. Na universidade, entre 40% a 45% das vagas de cada curso são reservadas para o candidato que comprovar que cursou apenas a escola pública e ter renda familiar inferior a sete salários mínimos. Já no instituto, 50% das vagas foram distribuídas para estudantes da rede pública.

De acordo com o reitor da Ufes, Reinaldo Centoducate, desde 2008, mais de 5 mil alunos já ingressaram na universidade pelo sistema de cotas sociais. “A Ufes até então empregava exclusivamente a cota social, mas depois que a lei for regulamentada precisaremos estudar como será feito aqui. Acredito que as escolas públicas devem se adequar e oferecer um ensino de excelente qualidade na sua base”, disse.


Goiás
A aprovação do projeto de lei preocupa o reitor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Edward Madureira Brasil, para quem a medida interfere na autonomia universitária. “A minha posição enquanto gestor da UFG e vice-presidente da Andifes [Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior] é de que esse modelo traz um componente preocupante sobre a autonomia universitária”, ressalta.

Atualmente, a UFG oferece nos processos seletivos seis mil vagas por ano. A grande maioria dessas vagas é ofertada no vestibular do início de ano. As demais, cerca de 500, são oferecidas no processo seletivo de meio de ano. Ao todo, 80% das seis mil vagas são do vestibular tradicional e 20% do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). “No vestibular tradicional, usamos as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como um dos componentes na nota final”, disse o reitor.

Mato Grosso
A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) reserva 50% das vagas ofertadas em todos os cursos de graduação para cotistas: são 30% das vagas para estudantes que cursavam todo o ensino básico em escolas públicas e 20% para estudantes negros também de escolas públicas. As eventuais vagas remanescentes das cotas para estudantes negros são oferecidas primeiramente para candidatos de escola pública e, caso ainda sobrem, para a ampla concorrência. Em abril deste ano, a UFMT estudava implantar, em 2013, a reserva de 100 vagas por ano para indígenas que tenham estudado em escola pública.

Minas Gerais
A Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ) e a Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) já reservam 50% das vagas a estudantes de escolas públicas, como prevê o projeto de lei aprovado nesta semana pelo Senado. No caso da UFSJ, dos três critérios propostos na lei – rede de ensino, renda familiar, cor e raça –, a instituição já utiliza dois: rede de ensino e cor e raça.

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) oferece sistema de bônus há quatro anos para estudantes de escolas públicas. De acordo com a assessoria de imprensa da instituição, assim que a lei for sancionada, a UFMG vai começar a trabalhar para se adequar. O edital do vestibular 2013 já foi publicado. O sistema de bônus será oferecido, mas não haverá adoção do Sisu. Na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), na seleção seriada, 60% das vagas são para alunos de escolas públicas. Já no Enem e no Sisu, 40% são para estudantes de instituições públicas.

Duas instituições mineiras não usam sistema de cotas: o Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (Cefet-MG) e a Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Paraíba
Na Paraíba, as instituições federais adotam o sistema de cotas desde o processo seletivo de 2011. Na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), 30% das vagas foram destinadas para candidatos vindos do ensino público. De acordo com o presidente da Comissão Permanente do Concurso do Vestibular da UFPB (Coperve), João Lins, o percentual deve ser aumentado para 35% para o próximo ano e 40% para 2014.

No Instituto Federal da Paraíba (IFPB), foram ofertadas entre 20 e 50% das vagas dos cursos técnicos para candidatos vindos da rede pública, além 5% em todas as unidades para portadores de deficiência física. As cotas do IFPB também atingem o Sisu, com 5% para portadores de deficiência, 60% para quem mora no estado e 20% para os candidatos nascidos em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará.

A Universidade Federal da Paraíba (UFCG) é a única instituição federal na Paraíba que não utiliza o sistema de cotas. De acordo com sua assessoria, todo o processo seletivo é feito através do Enem. Com a iminente aprovação da cota em 50%, o colegiado na universidade irá se reunir em 2013 para discutir o sistema de cotas na UFCG.


Paraná
Para se adequar ao projeto de lei, a Universidade Federal do Paraná (UFPR) terá que fazer mudanças no vestibular. De acordo com o edital do vestibular 2013, a UFPR vai oferecer 20% das vagas de cada curso para afrodescendentes e 20% para os candidatos que realizaram todo o ensino fundamental e médio em escola pública. Além disso, uma vaga em cada curso é reservada para o estudante que possui alguma deficiência e dez são exclusivas para candidatos indígenas.

Na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), 50% das vagas nos cursos de ensino superior e de ensino técnico são disputadas entre estudantes oriundos da rede pública. Já no Instituto Federal do Paraná (IFPR), metade das vagas são selecionadas pelo Sisu e metade pelo vestibular tradicional. Ambos os processos usam a mesma divisão de cotas: 40% para estudantes de escolas públicas, 20% para afrodescendentes, 5% para indígenas e 5% para portadores de deficiência.

Pernambuco
No estado, a Universidade do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina, já adota essa porcentagem de cotas desde 2010. Enquanto isso, as universidades Federal de Pernambuco (UFPE) e Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) preferem aguardar a sanção da presidente antes de iniciarem o sistema de cotas sociais.

Em seu último vestibular, a UFPE ofereceu 6.492 vagas, das quais 34% foram conquistadas por alunos de instituições públicas. Segundo a assessoria, a seleção da UFPE apresenta um sistema onde alunos da rede pública de ensino recebem acréscimo de 10% em suas notas, mas isso só interfere na quantidade de vagas ocupadas quando as notas dos alunos já estão próximas à média de aprovação de seus cursos.

A UFRPE também dá bônus de 10% na nota de alguns estudantes, desde que eles tenham feito o ensino médio no Agreste ou no Sertão pernambucano, e que escolham estudar na própria região. No vestibular 2012, a instituição ofereceu 3.240 vagas, divididas em 1.960 no Recife, 560 em Garanhuns e 720 em Serra Talhada. Atualmente, todas as vagas da Rural são preenchidas através do Sisu.

Rio Grande do Norte
O vestibular 2013 da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) não obedecerá a lei de cotas sociais aprovada pelo Senado. A decisão da presidenta da Comissão Permanente de Vestibular (Comperve), Magda Pinheiro, só poderá ser revertida se a instituição for acionada judicialmente. Ela explicou que o edital do concurso já havia sido lançado quando o texto-base da lei de cotas sociais foi aprovado pelos senadores e, além disso, irá aguardar o posicionamento de Dilma Rousseff quanto à sanção parcial ou integral do projeto de lei ou, ainda, a possibilidade de veto total ao conteúdo original apreciado pelo Senado.

A presidenta da Comperve explicou que, desde 2006, a UFRN seleciona estudantes utilizando o argumento de inclusão, que consiste numa bonificação de 10% no argumento final do candidato oriundo de escola pública.

Rio Grande do Sul
Apesar da aprovação da lei no Senado na última terça-feira, as universidades do Rio Grande do Sul ainda não traçaram o plano para se enquadrar na nova regra. O assunto deve começar a ser tratado somente depois da sanção presidencial. No último vestibular, a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) reservou 30% das vagas para estudantes vindos do ensino público e autodeclarados negros. Também são disponibilizadas 10 vagas anuais para indígenas, que participam de um vestibular diferenciado.

A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) separa cotas de 15% para autodeclarados negros, 5% para portadores de necessidades especiais e 20% para alunos da rede pública. Também há 10 vagas para indígenas. A direção da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) afirmou que ainda não faz reserva de vagas, e que o Conselho Superior se reunirá na próxima segunda-feira (13) para discutir as mudanças com a nova lei.

A Universidade Federal de Rio Grande (Furg) não reserva vagas, mas, através do Programa de Ação Inclusiva (Proai), dá pontos extras na nota final de estudantes que cursaram o ensino público ou que são portadores de deficiência. A Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e o Instituto Federal de Educação, Ciênca e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) utilizam o Sisu como forma de ingresso no ensino superior. Até a publicação desta reportagem, o G1 não havia conseguido contato com as instituições sobre a existência de um sistema de cotas.

Rondônia
As duas instituições federais de ensino no estado de Rondônia, a Universidade Federal (Unir) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (Ifro), também terão que se adaptar à nova regra. Atualmente, a Unir não admite nenhum aluno através do sistema de cotas, enquanto que o Ifro tem 70% de suas vagas destinadas a alunos de condições diversas, mas não por cotas.

Em 2012, a Unir selecionou 2.400 estudantes pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), sem que nenhuma vaga seja destinada para cotas. "A questão de receber o sistema de cotas chegou a ser discutida há dois anos, mas não chegou a ser implantado", afirmou o pró-reitor de graduação, Jorge Coimbra de Oliveira. No primeiro semestre de 2012 o Ifro disponibilizou 1.720 mil vagas pelo vestibular tradicional, entre os cursos técnicos de nível médio e de graduação. Pelo Sisu foram oferecidas 16 vagas neste ano. O Ifro destinou 10% das vagas para candidatos que fizeram o fundamental na Educação de Jovens e Adultos (EJA), outros 10% para candidatas participantes do Programa Mulheres Mil em Jequitibá e 50% para produtores rurais, agricultores familiares e lavradores.

Santa Catarina
Santa Catarina possui duas instituições federais de ensino afetadas pelo projeto de lei aprovado pelo Senado. Na UFSC, 20% das 3.239 vagas no vestibular 2012 foram destinadas a candidatos que cursaram integralmente o ensino fundamental e médio em escolas públicas e 10% a candidatos que se autodeclararam negros ou pardos e também tenham cursado os ensinos fundamental e médio em colégios públicos.

Já no IFSC, metade das 544 vagas foram destinadas a candidatos que estudaram todo o ensino médio em escola pública, e 10% a negros que cursaram todo o ensino médio em escola pública. Caso essas vagas não fossem preenchidas pelos candidatos a quem eram destinadas, elas seriam ocupadas por aqueles que não optaram pelas ações afirmativas. De acordo com o coordenador do Departamento de Ingresso do IFSC, André Soares Alves, afirma que o IFSC vai aguardar a sanção presidencial para ver como vai ficar a distribuição das cotas.

São Paulo
A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Instituto Federal de Ciência Tecnologia e Educação de São Paulo terão de alterar suas políticas de cotas caso a lei seja sancionada pela presidente Dilma Rousseff. Atualmente a universidade reserva cerca de 10% de suas vagas para afrodescendentes e indígenas, o que representa 281 das 2.869 vagas oferecidas pela universidade. Com a mudança, passarão a ser 1.434 vagas. A universidade diz ser contrária à lei, porque ela “fere a autonomia universitária”.

Diferentemente da Unifesp, a Universidade Federal do ABC (UFABC) já adota a política prevista na nova lei de reservar 50% das vagas para alunos que cursaram o ensino médio na rede pública. E também divide essas vagas proporcionalmente entre pretos, indígenas e pardos de acordo com a presença dessas cores ou raças no Estado de São Paulo, conforme prevê o projeto aprovado. De acordo com o último censo feito pelo Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), em 2010, os pretos são 5,5% da população do estado; os pardos, 29,1%; e os indígenas, 0,1%.

A nova lei, no entanto, causará mudanças na política de cotas adotada pelo Instituto Federal de Ciência Tecnologia e Educação de São Paulo (IFSP). O órgão hoje reserva 50% das vagas para cursos de ensino superior a alunos de escolas públicas, mas sem proporcionalidade racial ou de estudantes com renda familiar inferior a 1,5 salário mínimo per capita.

Com a aprovação do projeto, a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) terá, a partir de 2014, 1.288 vagas destinadas a esse público, nos três campi: São Carlos, Araras e Sorocaba (SP). O número, que representa 50% do total de vagas disponibilizadas no vestibular 2012, é maior do que a porcentagem de 40% que atualmente é oferecida pela universidade para esses estudantes, sendo que 35% desse número é reservado para candidatos negros.

Sergipe
O Instituto Federal de Sergipe (IFS), atualmente, já trabalha com o sistema de cotas sociais. No último processo seletivo tradicional e dos cursos de graduação e técnicos ofertados pela instituição, 200 vagas foram ofertadas. No Sisu, o instituto ofereceu 145 vagas para cursos de graduação presenciais. Destas, 5% foram para pessoas com baixa renda e 5% para pessoas que cursaram a escola pública durante o ensino médio.

O pró-reitor de ensino da instituição, José Adelmo Menezes de Oliveira, afirma que o IFS ainda fará uma reunião para decidir como se adaptará à nova lei.

Colaboraram o G1 AM, G1 BA, G1 CE, G1 DF, G1 ES, G1 GO, G1 MG, G1 MT, G1 PB, G1 PE, G1 PR, G1 RN, G1 RO, G1 RS, G1 SC, G1 SE e G1 SP

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Lei pode levar Unifesp a ampliar cota de escola pública de 10% para 50% (Postado por Lucas Pinheiro)

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e o Instituto Federal de Ciência Tecnologia e Educação de São Paulo terão de alterar suas políticas de cotas caso seja sancionado pela presidente Dilma Rousseff nos próximos dias o projeto de lei aprovado na terça-feira (7) pelo Senado. Ele cria uma reserva de 50% de vagas para alunos da rede pública. O projeto determina ainda que parte dessa reserva seja destinada a cotas raciais e de renda.

A instituição mais afetada pela medida será a Unifesp, que terá de aumentar consideravelmente a reserva para alunos da rede pública entre os aprovados em seu vestibular. Atualmente a universidade reserva cerca de 10% de suas vagas para afrodescendentes e indígenas, o que representa 281 das 2.869 vagas oferecidas pela universidade. Com a mudança, passarão a ser 1.434 vagas. A universidade diz ser contrária à lei porque “fere a automomia universitária”.

De acordo com o Ministério da Educação (MEC), a mudança não vai alterar o meio de seleção dos alunos. Muitas universidades usam hoje o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), um sistema informatizado gerenciado pelo MEC no qual instituições de ensino oferecem vagas para candidatos participantes do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).

É o caso da própria Unifesp, que destina 2.391 vagas (83,3% do total) para inscritos no Sisu, enquanto que o sistema misto, com vestibular tradicional, é o método de aprovação de alunos para outras 478 vagas (16,6%).

UFABC
Diferentemente da Unifesp, a Universidade Federal do ABC (UFABC) já adota a política prevista na nova lei de reservar 50% das vagas para alunos que cursaram o ensino médio na rede pública. E também divide essas vagas proporcionalmente entre pretos, indígenas e pardos de acordo com a presença dessas cores ou raças no Estado de São Paulo, conforme prevê o projeto aprovado.

De acordo com o último censo feito pelo Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), em 2010, os pretos são 5,5% da população do estado; os pardos, 29,1%; e os indígenas, 0,1%.

A nova lei, no entanto, causará mudanças na política de cotas adotada pelo Instituto Federal de Ciência Tecnologia e Educação de São Paulo (IFSP). O órgão tem três campi na região metropolitana de São Paulo (na capital, em Guarulhos e em Suzano) e hoje reserva 50% das vagas para cursos de ensino superior a alunos de escolas públicas.

A instituição, no entanto, não determina a proporcionalidade de pretos, partos e indígenas segundo o IBGE e tampouco especifica que metade da reserva será destinada a candidatos de família com renda per capita de até 1,5 salário mínimo, conforme prevê a nova lei.

Os institutos adotam uma política diferente para o acesso aos cursos técnicos. Candidatos que cursaram o ensino médio em escolas públicas têm uma bonificação de 10% na nota alcançada no vestibular. Já os afrodescendentes recebem um bônus de 3%.

Juntos, os três campi do IFSP na Grande São Paulo oferecem 600 vagas para cursos técnicos por meio de vestibular e 760 vagas para cursos superiores por meio do Sisu.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

50% das vagas nas federais vão para as ‘cotas’ 8 Josias de Souza


 O Senado aprovou projeto que destina metade das vagas nas universidades e escolas técnicas federais a alunos que cursaram o ensino médio em escolas públicas. A distribuição dessas cadeiras seguirá critérios raciais e de renda. Terão prioridade os alunos negros, pardos e índios, num rateio proporcional à presença de cada agrupamento no Estado segundo o censo do IBGE. Sobrando vagas, elas serão destinadas a outros alunos provenientes de escolas públicas. Observado o critério racial, metade dos 50% de vagas das cotas vai para alunos com renda familiar de até R$ 933 por pessoa. A outra metade poderá ser preenchida por alunos com renda familiar superior. Pela proposta, essa política vigorará pelos próximos dez anos. Vencido esse prazo, vai-se avaliar se a política surtiu os efeitos desejados. A reporter Gabriela Guerreira informa que a novidade vai dobrar o total de vagas preenchidas por cotas nas universides federais. Hoje, as 59 instituições federais reservam para as cotas 52.190 vagas de um total de 244.263. Sancionado por Dilma, o projeto elevará esse número para 122.131. Um salto de 134%.

domingo, 5 de agosto de 2012

Estudante aponta dedicação e leitura para redação nota 1.000 no Enem (Postado por Lucas Pinheiro)

A redação da estudante mineira Camila Zuconi, de 18 anos, é um dos textos considerados “nota 1.000” e publicados na cartilha "A redação no Enem 2012 - Guia do Participante", lançada nesta semana pelo Ministério da Educação. Camila é aluna do segundo período de Medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e concluiu o ensino médio em 2011, quando fez a prova do Enem e foi aprovada no vestibular da universidade gaúcha.

"Eu acho que, antes de tudo, precisa de leitura", disse a universitária sobre a preparação que resultou em seu desempenho destacado na avaliação.

Nascida em Três Marias, na Região Central de Minas Gerais, a estudante se mudou para Viçosa quando tinha 14 anos, após ser aprovada no Colégio de Aplicação – Coluni, na cidade da Zona da Mata de Minas Gerais, onde cursou todo o ensino médio.

A habilidade de Camila para escrever a redação nota 1.000 foi desenvolvida ao longo de toda a sua vida escolar, principalmente nos últimos três anos, segundo ela. “Sempre me dediquei bastante. No Coluni, eu abri mão de muita coisa para poder me dedicar aos estudos. Se você realmente quer passar no vestibular tem que organizar o tempo. É um processo. A gente precisa se organizar e fazer com prazer, pensando no objetivo que você quer alcançar”, disse.

Sobre a importância da leitura, ela ressaltou que o hábito não pode ser encarado como uma obrigação, mas como prazer, e apontou os benefícios. “Ler ajuda muito a ter um vocabulário mais completo. Você percebe dicas de como escrever e é importante também ler o texto que está escrevendo”.

Outro ponto que Camila destacou como fundamental para o sucesso na redação do Enem foi o conhecimento adquirido em uma bolsa de iniciação científica. “A leitura que eu tive e a orientação crítica da professora da iniciação me ajudaram muito, muito mesmo, a ter habilidade para escrever”, contou. As leituras de temas atuais e de provas anteriores também ajudaram a estudante.

Na hora de escrever sua redação, Camila privilegiou a organização e a objetividade. “Planejei o texto. Fiz o que sempre tentava fazer nas redações, um esquema do que eu ia pôr em cada parágrafo. Também tentei tirar o máximo dos textos apresentados na prova e aproveitar o que eu já sabia sobre o tema para dar o diferencial ao texto”, explicou. A harmonia da ideais também é importante na hora da redação, segundo ela. “Buscava sempre tomar cuidado com a coerência para ver se o leitor ia entender o que eu queria dizer”.

Estratégia durante a prova
Camila disse que quando recebeu a prova, a primeira coisa que fez foi ler a proposta de redação para já ter conhecimento do tema. “Quando eu vi o tema fiquei satisfeita. Porque era um assunto atual e sobre o qual eu tinha lido recentemente. Também já tínhamos discutido sobre as redes sociais em sala de aula”, contou a estudante. Na sequência, ela começou a fazer as 45 questões de português e as 45 de matemática. “Eu optei por responder as questões primeiro, pois poderia absorver algo delas que me ajudaria na redação”, explicou.

Ela afirmou que ficou muito satisfeita com a proposta da redação. “Acho que os jovens são público alvo do Enem, apesar de pessoas mais velhas também fazerem o exame, e a gente usa bastante as redes sociais, então temos facilidade para falar sobre o assunto", disse. Quando começou a redigir “Redes sociais: o uso exige cautela”, a estudante conta que se preocupou com a objetividade e delimitou o enfoque pela influência e  presença dessas ferramentas da internet na vida das pessoas nos dias de hoje.

Para desenvolver o assunto, Camila colocou seu repertório no papel. Entre exemplos lembrados, ela citou que sempre refletia sobre a relação público/privado ao usar a internet e também contou que havia lido um texto sobre a influência das redes sociais nos movimentos populares recentes que têm acontecido pelo mundo.

A redação nota 1.000 foi fundamental para Camila ser aprovada no curso de Medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA). Segundo a mineira, seu objetivo era a UFMG, porém a nota da redação não foi considerada pela instituição na primeira fase. Apesar da distância da família, hoje ela se sente feliz em Porto Alegre. “Gosto muito da cidade e da faculdade. Fiquei muito satisfeita com a publicação da minha redação e o reconhecimento”, concluiu.