terça-feira, 26 de julho de 2011

Governo lança programa para oferecer 100 mil bolsas no exterior (Postado por Erick Oliveira)

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, anunciou nesta terça (25) o programa Ciência Sem Fronteiras que vai custear 100 mil bolsas de intercâmbio nas principais universidades do exterior para estudantes, desde o nível médio ao pós-doutorado. A intenção é promover o avanço da ciência, tecnologia e competitividade do Brasil.
O anúncio foi feito durante a 38ª reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), com a presença da presidente da República, Dilma Rousseff e de ministros da área econômica do governo.
Pelo programa, que é uma parceria entre os ministérios da Ciência e Tecnologia e Educação, o governo federal vai oferecer 75 mil bolsas de estudos. As outras 25 mil são resultado de uma parceria com a iniciativa privada. As áreas prioritárias para o programa são engenharias, ciências exatas (matemática, física, química), computação, produção agrícola, tecnologia aeroespacial, petróleo gás e demais áreas tecnológicas.
Critérios
As bolsas serão oferecidas em mais de 200 universidades estrangeiras nas áreas de ciências da saúde, ciências da vida e engenharia e tecnologia. Entre essas universidades, estão instituições como Harvard, Stanford e Cambridge, informou o Ministério da Ciência e Tecnologia. A lista completa das universidades não está finalizada porque ainda não estão firmados todos os acordos e convênios com as instituições.
O valor médio da bolsa é de cerca de US$ 800 mensais, segundo o ministério. Poderá ser maior ou menor de acordo com o tipo de curso ou da instituição. As 75 mil bolsas custeadas pela União representarão um investimento de R$ 3,1 bilhões.
A inscrição para as bolsas deve começar neste ano, mas ainda não há data definida. O processo de seleção e oferta será administrado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) - para saber mais sobre o programa, veja a apresentação feita no Palácio do Planalto pelo ministro Aloizio Mercadante.
'Autoria intelectual'
Mercadante afirmou que a “autoria intelectual” do programa é da presidente Dilma Rousseff e disse que ainda é necessário um diagnóstico aprofundado sobre a dificuldade do Brasil em produzir patentes.
Um dos problemas apontados pelo ministro é o baixo investimento da iniciativa privada em pesquisa e desenvolvimento. De acordo com o ministro, dois terços das patentes registradas no mundo são feitas por empresas. Enquanto no Brasil, dois terços das patentes do país têm origem nas universidades públicas.
“É evidente que há descompasso entre a evolução científica e a nossa capacidade de transformar isso em patentes”, afirmou Mercadante.
Segundo o ministro, o programa contempla todas as regiões e todos os estados do Brasil e tem público-alvo de 124 mil alunos que poderão ser selecionados. “O critério é mérito e mérito não é QI, quem indica. O método é o desempenho que o aluno teve em critérios objetivos e republicanos”, disse.
O programa dividiu a oferta das 75 mil bolsas pelo nível de formação acadêmica. Serão 27,1 mil bolsas para alunos de graduação, 24,5 mil para doutorado de um ano, 9,7 mil para doutorado integral e 2,6 mil para pós-doutorado. Outras 700 bolsas vão beneficiar o treinamento de especialistas, 860 serão para jovens cientistas e grandes talentos e 390 serão dedicadas a pesquisadores visitantes no Brasil.
As bolsas serão oferecidas em mais de 200 universidades fora do Brasil nas áreas de ciências da saúde, ciências da vida e engenharia e tecnologia.

sábado, 16 de julho de 2011

Namoro entre professor e aluna dá certo? Casais comentam (Postado por Erick Oliveira)

O fascínio que o professor exerce no comando da sala de aula às vezes transcende o propósito de ensinar. Seja no ensino médio, no cursinho ou na faculdade, é comum encontrar histórias de alunos ou alunas que se apaixonam pelos docentes, apesar do tabu que envolve o tema. O carisma e a simpatia usados para prender a atenção da classe também são características que favorecem o início de namoros, garante o psicólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP), Ailton Amélio da Silva. Para o especialista, esses relacionamentos podem ser problemáticos.
O G1 ouviu histórias de casais em diferentes estados do país que ignoraram as dificuldades e assumiram os relacionamentos.
'Ia ser difícil associar as duas coisas'
Pollyana Reis Gomes, de 21 anos, e Rômulo Assis Gomes, de 32 anos, de Minas Gerais, se conheceram enquanto ela cursava o ensino médio, em Belo Horizonte. Ele foi seu professor de história. Assumiram o namoro em 2007, após a formatura dela, e neste mês vão completar 3 anos de casamento.
Festas da turma e aniversários criaram uma aproximação entre os dois, mas eles garantem que antes da formatura eram apenas amigos. Eles foram juntos ao último encontro da turma e a notícia de que "havia pintado um clima" tinha se espalhado, já que quase tinha rolado um beijo uma semana antes. Mas, se o namoro demorou para engatar, a decisão pelo casamento foi rápida: o pedido veio após um mês do primeiro beijo.
"Eu não teria tomado a iniciativa. Foi no momento que a gente ficou que eu percebi que já gostava dele. Acho que com ele aconteceu a mesma coisa", conta Pollyana.
O casal não teve problemas para assumir a relação para a família, mas Gomes chegou a pensar que poderia ser demitido da escola, o que não aconteceu. Ele não considera que seja antiético professor se envolver com aluno, mas diz que, na profissão, o melhor é não misturar o lado afetivo com o trabalho.
"Se tivesse acontecido quando ainda era professor dela, ia ser difícil associar as duas coisas. Penso que seria difícil manter a relação", diz. Pollyana concorda. "Se ainda fosse aluna dele, seria mais complicado. Acho que a direção iria interferir. Eu não ia gostar que ele me tratasse apenas como aluna. Não ia saber diferenciar, ainda mais porque era muito nova."
'Se precisasse avaliar, pediria para outro professor'
Foi durante uma aula de história que João Samper, de 58 anos, e Sônia Duarte Samper, de 40 anos, se conheceram em um cursinho pré-vestibular em Campo Grande (MS). Estão casados há 13 anos.
“Percebi que tinha uma empatia entre a gente. Eu colecionava selos e moedas, e ela se interessava pelo assunto. Começamos a conversar mais”, conta João.
O namoro começou logo, mas, para evitar problemas, o casal não oficializou a relação no cursinho. “Falei com os pais dela, e assumimos o namoro para a família e amigos. Na escola nossa relação continuava igual, nos tratávamos normalmente, sem demonstrar que estávamos tendo um relacionamento”.
João explica que nunca teve de avaliar Sônia porque ela era aluna do cursinho, que não tem avaliações como provas e notas. “Mas, se eu precisasse avaliar, dar notas, corrigir provas ou trabalhos, pediria para outro professor fazer. Faria isso para garantir uma isenção na avaliação”, confessa.
'Diretor da faculdade foi padrinho de casamento'
Casados há 15 anos, Mauro Lacerda, de 54 anos, e Adriana Lacerda, de 38 anos, contam que souberam separar os papéis quando, em 1994, ele dava aulas para ela durante a faculdade de engenharia, em Curitiba.
“As turmas eram pequenas, de sete ou oito alunos. Isso permitia um diálogo muito grande”, afirma Lacerda.
O casal conta que o anúncio do compromisso foi recebido de maneira natural, tanto por pais, como por alunos e diretores da instituição. “Inclusive um diretor da faculdade foi padrinho de casamento”, lembra Adriana.
A união serviu de incentivo a Adriana, que seguiu carreira acadêmica, a exemplo do marido. “Ele passou por muitas coisas e soube ajudar quando eu passei pelos mesmos problemas. Eu só passei para o concurso da Universidade Federal do Paraná (UFPR) na quarta tentativa. Ele me incentivava e não deixava desistir.”
Hoje os dois lecionam na mesma instituição, mas mantêm a relação de marido e mulher fora da universidade. “Em sala de aula é professor Mauro e professora Adriana”, diz a ex-aluna.
'Se fosse má aluna, eu a reprovaria'
O namoro de Caio Nogueira Vargas, de 23 anos, e Gabriela Petrocchi Corassa, de 22 anos, começou após eles se conhecerem em um curso de inglês em Vitória (ES). Caio era o professor e os dois se aproximaram, ficaram amigos e Gabriela dava caronas a ele.
Vargas diz que não faltou vontade de chamar Gabriela para sair, mas estava com medo de como isso poderia repercutir na escola. “Como eu sabia que lá havia uma grande rotatividade de professores, imaginei que no período seguinte ela não seria mais minha aluna, então falaria com ela", conta.
Gabriela não esconde que também gostaria de ter sido convidada antes. "É, demorou...", falou, rindo. "A gente sabia daquela coisa ética. Ele não ia fazer nada, porque poderia dar algum problema. Mas a gente já tinha ficado muito amigos, estávamos interessados um no outro."
No começo, segundo o casal, a situação era engraçada. Eles se viam no corredor e tentavam esconder a intimidade. "No início, a gente preferiu não falar nada no curso de inglês”, diz Gabriela. Os dois iam juntos para a aula, mas, quando chegavam, cada um saía para um lado.
O casal acredita que um relacionamento entre aluno e professor pode dar certo. "Você tem que saber separar as coisas. Se ela fosse má aluna, eu a reprovaria", diz Caio.
'Ser professor faz ter um charme especial'
Mayra Scocco , de 20 anos, e o professor de física e matemática, Felipe Keller Ariza, de 25 anos, se conheceram no Cursinho Singular Anglo, em Santo André, no ABC. Mayra trabalha na secretaria e estuda no cursinho e Ariza atua como professor substituto (assista vídeo acima).
Ainda não aconteceu de eles se cruzarem na sala de aula, mas como Azira substitui os docentes que faltam, isto pode ocorrer a qualquer momento. "Desde que eu comecei a namorar, me preparo para esta situação. Acho que ser professor faz a pessoa ter um charme especial, encanta e faz com que as meninas os queiram. Conheço algumas que paqueram professor", diz.
Para Azira, dar aula na classe da namorada não será problema. "Quando o professor sobe no tablado, é professor, não é namorado da menina. Não teria incômodo em dar aula para Mayra."
Os dois não veem problemas no relacionamento entre alunos e professores desde que ambos tenham postura e não confudam os papeis. "O que importa é gostar da pessoa", afirma Azira.
'Pagamos um preço alto'
O professor de matemática Paulo Murillo dos Santos começou a namorar uma aluna em dezembro de 2009, em Brasília. Na época, ele tinha 28 anos e a garota, Beatriz Junqueira Kipnis, que terminava o segundo ano do ensino médio em Goiânia, 16.
Ele conta que já era amigo da menina um ano antes do início do namoro, mas que o casal se aproximou mesmo em outubro, quando ambos passavam por momentos difíceis. “Tínhamos muito em comum, família, ideias, sonhos, vontades”, diz Santos.
O caso foi levado ao diretor do colégio. À direção da escola, o professor disse que não havia envolvimento com a aluna, mas admitiu gostar da garota. “O diretor deixou claro que a escola não admitia esse tipo de relacionamento e disse que confiava em mim. Mas também falou que torcia por nós no futuro.”
Pouco tempo depois, a adolescente contou para os pais que estava apaixonada pelo professor de matemática e então se declarou para Santos. Os dois começaram a namorar, mas sem oficializar o compromisso. O pedido veio em 26 de dezembro, quando foi demitido da escola. A demissão, segundo ele, não teve relação com o namoro.
Em agosto, Santos voltará a ser professor de Beatriz. Ela vai se preparar para o vestibular. O professor diz não saber como vai reagir. “Antes, tudo bem, ela era aluna. Agora não a vejo mais assim. Mas ela é madura e acho que vamos saber lidar com a situação.”
Santos diz não acreditar que esse tipo de relação esteja fadada ao fracasso. “Pagamos um preço alto por isso. Eu quero muito que tudo isso dê certo e acho que ela também”, diz.

'Por parte da minha família não teve problema'

Apesar de ser menos comum, também há casos em que o aluno se apaixona pela professora. Assim como aconteceu com Roger Douglas Dário, de 24 anos, e a namorada – que prefere não se identificar – de 42 anos. Eles namoram há seis anos, e há cinco moram juntos.
Eles se conheceram em 2006, quando ela foi lecionar química na sala do primeiro ano do ensino médio em um colégio em Nova Mutum, a 269 quilômetros de Cuiabá.
Segundo Dário, de imediato houve interesse, mas o relacionamento só começou no ano seguinte. “Eu insisti muito, começamos a namorar, ficamos por muito tempo às escondidas”, afirma. Eles só assumiram o namoro durante a festa de formatura do terceiro ano do ensino médio de Dário, após quase dois anos.
“Por parte da minha família não teve problema, mas em relação aos colegas de trabalho dela, eles ficaram chocados. Principalmente por ela ser 20 anos mais velha do que eu”, conta.
*com textos de Darshany Loyola (ES), Flávia Cristini (MG), Iara Vilela (MT), Fernando Castro (PR), Tatiane Queiroz (MS) e Vanessa Fajardo (SP).

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Lula: 'não precisa ser especialista para saber que somos diferentes'

Redação SRZD | Nacional | 14/07/2011 20h27
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta quinta-feira do 52º Congresso da União Nacional dos Estudantes e voltou a criticar a imprensa. O ministro da Educação, Fernando Haddad, também esteve presente na cerimônia que reuniu centenas de estudantes em Goiânia (GO).

"Há quanto tempo não faço um discursinho", disse Lula afirmando que "não que não via a falar no microfone". O ex-presidente disse que a imprensa tenta criar animosidade entre ele e Dilma Rousseff ao ressaltar diferenças de estilo de governar.

"Não precisa ser especialista para saber que somos diferentes". Segundo Lula, "o dia em que tiver divergências (com a presidenta), ela vai estar com a razão".

O presidente da UNE, Augusto Chargas, afirmou que a entidade não é "chapa branca", como foi acusada na imprensa, por ter aceitado patrocínio dos ministérios dos Transportes, Saúde, Turismo, Esporte e Educação, e da Petrobras.

"Essa é uma afirmação muito equivocada. A UNE sempre contou com apoio público para realizar suas atividades", disse. Contudo, o ex-presidente Lula o aconselhou a não se preocupar "com quem te chamou de chapa branca. Aquele jornal não cobre o Rio, não chega à Baixada Fluminense".

Haddad também defendeu a UNE ao dizer que "algumas pessoas acham que é possível comprar consciência com alguns trocados. Estudantes não se vendem por dinheiro nenhum".

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Intenção é permanecer acampado até acordo, diz líder de professores no RJ (Postado por Erick Oliveira)

O acampamento montado por professores estaduais em frente à Secretaria de Educação, na Rua da Ajuda, no Centro do Rio, só será desfeito após um acordo entre o governo e os sindicalistas. A informação foi confirmada na manhã desta quarta-feira (13) pelo coordenador geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe) e líder do movimento, Danilo Serafim.
“Nossa intenção é permanecer acampados até que um acordo seja feito, até que as negociações sejam feitas. Cinquenta pessoas dormiram aqui nas barracas e outras chegaram bem cedo. Estamos nos revezando”, explicou Danilo.
Os grevistas reivindicam um aumento de 26% para professores e funcionários, incorporação imediata da gratificação da Nova Escola, descongelamento do plano de carreira dos funcionários e o direito de realizar eleições para diretores nas escolas.
Com mais de 10 barracas de camping, cerca de 50 pessoas passaram a noite em frente ao prédio da Secretaria. Na terça-feira (12), o grupo invadiu o saguão do edifício do governo durante uma manifestação no Centro por melhores salários. Uma nova reunião entre os secretários estaduais de Educação, Wilson Risolia, e de Planejamento, Sérgio Ruy, e os professores está marcada para a quinta-feira (14).

De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Educação, ao deixar o prédio na noite de terça, o secretário Risolia enfrentou represália dos manifestantes. Os professores teriam jogado pedras no carro do secretário.

Reposição de aulas
No dia 7 de julho, a Secretaria de Educação informou que os grevistas terão de repor as aulas perdidas durante a paralisação. Dessa forma, segundo o órgão, o governo não vai descontar os dias parados. Em nota oficial, a Secretaria informou que a decisão é da Justiça do Rio.
 

terça-feira, 12 de julho de 2011

Após invasão, professores deixam prédio da Secretaria de Educação (Postado por Erick Oliveira)

Os professores que invadiram o prédio da Secretaria estadual de Educação, no Centro do Rio, no início da tarde desta terça-feira (12), deixaram o prédio após cerca de 10 minutos. Na tentativa de conter os manifestantes, policias do Batalhão de Choque entraram no prédio e jogaram spray de pimenta no grupo. Algumas pessoas ficaram com alergia nos olhos.
Segundo o coordenador geral do Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro (Sepe) e líder do movimento, Danilo Serafim, o secretário Wilson Risolia vai receber três membros da comissão dos professores. O encontro foi confirmado pela secretaria estadual. Um grupo de professores já se encontra reunido com o subsecretário.
 A categoria pede reajuste emergencial de 26%, incorporação imediata da gratificação do Nova Escola (prevista para terminar somente em 2015), e descongelamento do Plano de Carreira dos funcionários administrativos.
"Há quanto tempo que a gente espera por um reajuste? Estamos pedindo pelos funcionários e,  acima de tudo, por um ensino de qualidade", diz Daisi Madalena Coutinho, uma das manifestantes que invadiu a Secretaria.
O deputado federal Marcelo Freixo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), chegou por volta das 13h ao local para ajudar na negociação.
Ele informou que cerca de 50 professores estaduais estão no quinto andar do prédio que foi invadido por manifestantes. Segundo o deputado, eles estão esperando pelo secretario de Educação.
"Alguns assuntos foram tratados com o subsecretário, mas 50 pessoas estão esperando pelo secretário. Eles estão tranqüilos e o acordo feito com a Policia Militar é de permitir que eles fiquem no quinto andar", informou Freixo.
De acordo com o deputado, que estava presente quando a PM jogou spray de pimenta nos manifestantes, a Comissão de Direitos Humanos precisou intervir para evitar mais confusão. "É muito ruim esse conflito entre professores e a polícia. A luta é contra a secretaria. Mas a comissão de Direitos Humanos conversou e os manifestantes se retiraram do prédio", disse ele.
Nota da Secretaria
Em nota, a Secretaria de Educação lamentou o episódio. "A Secretaria de Educação informa que um grupo de professores invadiu o prédio da Secretaria de Educação e quebrou a porta de vidro, forçando a entrada. A Seeduc lamenta a postura dos servidores, e reafirma que está aberta ao diálogo em busca do entendimento pacífico entre as partes".
Protesto na Alerj
Mais cedo, os professores fizeram um protesto nas escadarias da Alerj. Por causa do protesto, o trânsito ficou lento no local. Parte da categoria está em greve há 35 dias.
No dia 7 de julho, a Secretaria de Educação informou que os grevistas terão de repor as aulas perdidas durante a paralisação. Dessa forma, segundo o órgão, o governo não vai descontar os dias parados. Em nota oficial, a Secretaria informou que a decisão é da Justiça do Rio.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ex-detento se torna professor-doutor na USP (Postado por Erick Oliveira)

Roberto da Silva, de 52 anos, professor, mestre e doutor em educação pela Universidade de São Paulo (USP), não concorda que a remição de pena para detentos seja concedida a partir do número de horas que eles frequentam a escola. Ex-detento e estudioso da área de educação no sistema prisional, Silva teme que desta forma haja uma distorção dos objetivos de estudar, assim como ele acredita que tenha ocorrido com o trabalho dentro das prisões.
Uma alteração na Lei de Execução Penal publicada nesta quinta-feira (30) no Diário Oficial da União aponta que cada um dia de condenação poderá ser trocado por 12 horas de frequência escolar. Assinada pela presidente Dilma Rousseff e pelos ministros da Justiça e da Educação, a medida vale tanto para condenados em regime fechado ou semiaberto.
Para o professor Silva, se o governo quer introduzir a educação como política pública, é preciso conciliar os objetivos. "Rejeitamos tentar atribuir à educação um papel que é de outras instâncias da sociedade. A educação não pode assumir a tarefa de diminuir a lotação do presídio ou diminuir reincidência criminal, ou ainda, a violência e fugas dentro das prisões", afirma.
Silva diz que o papel da educação é aumentar a capacidade e as habilidades dos cidadãos para que tenham melhores condições para concorrer às oportunidades que a sociedade cria. "Se o detento quiser continuar na carreira do crime, não é a educação que vai convencê-lo a cair fora."
Conclusão de ciclos
O especialista acredita que a educação possa ser utilizada no processo de abatimento da pena de maneira diferente da prevista em lei. Silva propõe que haja a remição a partir do cumprimento de objetivos e metas usando como referências as diretrizes curriculares das várias modalidades de ensino.
Por exemplo, Silva defende que o detento tenha um terço da pena reduzido quando conclui o ensino fundamental, ou médio, ou superior e cumpra a carga horária de aula destinada a determinado ciclo de ensino. Para concluir o primeiro ciclo do ensino fundamental (1ª a 4ª série), por exemplo, o tempo estimado é de 500 dias (ou carga horária de 2.000 horas/aula).
O professor diz que as necessidades educacionais de homens e mulheres presas não se resumem à elevação da escolaridade ou à redução da defasagem na relação idade-série.
"Os alunos de modo geral não são premiados por horas de estudo ou tarefas feitas, e sim, pela conclusão dos ciclos. A educação não pode ser vulgarizada na prisão como foi o trabalho", diz. Silva acredita que a remição por tempo de trabalho - a cada três dias trabalhados é abatido um dia de pena - não ajudou a criar uma cultura pelo trabalho dentro da prisão. "Também não ajudou a criar postos qualificados. Serviu basicamente para explorar a mão de obra do preso que se beneficia da remição da pena, mas não se forma profissionalmente."
Vilões da educaçãoO professor não acredita que a nova proposta de remição vá atrair os detentos para a escola. Para ele, ainda é preciso vencer alguns "vilões" da educação no sistema prisional. Segundo ele, há uma concorrência desleal entre trabalho e educação na prisão, já que ambos ajudam a diminuir a pena, mas o primeiro é remunerado e o segundo não.
Corpo docente desqualificado e material inadequado também contribuem para a baixa procura dos detentos pelas salas de aula, de acordo com o professor. "Quase nenhum professor que atua na prisão tem formação específica. Normalmente são substitutos ou temporários que não conseguiram aulas regulares, ou ainda, foram mandados para lecionar nas cadeias como 'castigo'."
Histórico
Quando foi preso por furto e roubo, em 1979, aos 20 anos, Silva tinha estudado até a 5ª série do ensino fundamental. "Fui preso porque vivia nas ruas e tudo que se faz nas ruas é passível de prisão", disse. Havia parado de estudar aos 15 anos, na Febem (atual Fundação Casa), onde viveu dos dois aos 18 anos. Na época, a Febem também funcionava como abrigo para órfãos e crianças afastadas dos pais pela Justiça, como foi o caso de Silva. Já adulto, passou dez anos detido e, como na época não havia oferta de educação nos presídios, voltou à escola somente após cumprir pena.
Concluiu os ensinos fundamental e médio em curso supletivo e em seguida, aos 33 anos, ingressou no curso de pedagogia da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Após o término do curso, voltou a São Paulo onde concluiu mestrado, doutorado e livre docência em educação pela USP. Hoje Silva integra o corpo docente do curso de pedagogia da universidade.