quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Unicef: 20% dos brasileiros entre 15 e 17 anos estão fora da escola (Postado por Danuza Peixoto)


O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou nesta quarta-feira, em Brasília (DF), um relatório sobre a situação dos adolescentes brasileiros. Na área da educação, o órgão aponta que 20% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estão fora da escola, em uma faixa etária que abrange praticamente todo o ensino médio. Quando analisada a faixa de 6 e 14 anos a situação é mais tranquila, com apenas 3% fora da escola.
O relatório analisa a situação de meninas e meninos de 12 a 17 anos a partir da evolução de 10 indicadores entre 2004 e 2009. O documento também traz uma análise das políticas públicas desenvolvidas no Brasil e propõe um conjunto de ações a serem tomadas para garantir a realização dos direitos de todos e de cada adolescente.
Vivem hoje no Brasil 21 milhões de meninos e meninas entre 12 e 18 anos (incompletos), o que equivale a 11% da população brasileira. Na área da educação, o Unicef propõe como uma ação imediata o estabelecimento de um plano específico no Plano Nacional de Educação (PNE) para os adolescentes fora da escola, em risco de evasão ou retidos no ensino fundamental. O PNE estabelece 20 metas para a educação brasileira nos próximos dez anos e é analisado na Câmara dos Deputados.
Além de menos escolarizados do que deveriam ser conforme a legislação que regra a educação no Brasil, os adolescentes são mais pobres do que o conjunto da população. Segundo o Unicef, a pobreza afeta 29% dos brasileiros e a extrema pobreza afeta 11,9%; entre os meninos e meninas de 12 a 17 anos esses percentuais são 38% e 17,6%, respectivamente.
Para a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, os adolescentes pobres "têm menos chances de chegar às mesmas oportunidades" que jovens de outros estratos sociais. Para o estudante Israel Victor de Melo, 16 anos, que participou da discussão sobre o relatório do Unicef antes da divulgação, "a sociedade está falhando em algum ponto" e "é sinal de que (o País) deve distribuir renda". Segundo ele, "país rico tem que crescer economicamente e crescer em direitos humanos".
Na avaliação da representante Marie-Pierre Poirier, "as desigualdades sociais historicamente construídas determinam como vão ser afetados os adolescentes". Ela estima que Brasil tem nesta década, a oportunidade histórica de "quebrar o ciclo infernal da pobreza" e aproveitar os próximos anos de esperado crescimento econômico para aumentar os direitos e as condições de vida dos adolescentes. "O que está fazendo por muitos tem que fazer por todos", afirmou.
"O Unicef quer propor um novo olhar. Um olhar que reconheça que os adolescentes são um grupo em si. Ou seja, não são crianças grandes, nem futuros adultos. São sujeitos, com direitos específicos, vivendo uma fase extraordinária de sua vida", disse Marie-Pierre Poirier.
Violência
Em relação aos homícidios, o Unicef aponta que, em 2009, a taxa de mortalidade entre adolescentes de 15 a 19 anos era de 43,2 para cada grupo de 100 mil adolescentes, enquanto a média para a população como um todo era de 20 homicídios para cada 100 mil.
O documento também diz que, entre os adolescentes, alguns sofrem essas violações de forma mais severa. Isso faz com que um adolescente negro tenha quase quatro vezes mais risco de ser assassinado do que um adolescente branco. Também mostra que um adolescente indígena tem três vezes mais possibilidade de ser analfabeto do que os adolescentes em geral.
Já o indicador da extrema pobreza entre os adolescentes, por exemplo, registrou um pequeno aumento, enquanto a tendência na população geral é de queda. De acordo com o Unicef, isso significa que houve um aumento da representação dos adolescentes na população pobre.

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