segunda-feira, 27 de setembro de 2010

A pedagoga Selma Moura participou de bate-papo nesta segunda-feira (27) sobre o ensino bilíngue.(Danuza Peixoto)

Arquivo Pessoal

A pedagoga Selma Moura é coordenadora pedagógica e assessora as escolas Oak School e Aubrick

Participaram do chat 610 pessoas.

O texto abaixo reproduz exatamente a maneira como os participantes digitaram suas perguntas e respostas.

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Bem-vindo ao Bate-papo com Convidados do UOL. Converse agora com a pedagoga Selma Moura sobre educação bilíngue. Para enviar sua pergunta, selecione o nome do convidado no menu de participantes. É o primeiro da lista.

(04:01:01) Selma Moura: Boa tarde! Agradeço sua presença em nosso bate-papo de hoje!

(04:01:19) Tiago Farfan: Boa tarde. Gostaria de saber quais são as principais dificuldades em se ter implantados no Brasil um sistema educacional bilingue de qualidade.

(04:03:25) Selma Moura: Olá, Tiago, obrigada pela ótima pergunta. Creio que uma das principais questões a considerar é que ainda não há uma regulamentação específica para as escolas bilíngues no Brasil, que estão sujeitas às mesmas regras das escolas em geral. Por isso, na implantação precisa-se contar com uma equipe de muita competência para criar o projeto político-pedagógico, o currículo, a forma de avaliação...

(04:03:39) Gabriela: Gostaria de saber qual o documento ou lei que regulamenta a educação bilíngue no Brasil? Procurei até o MEC, mas eles não souberam responder.

(04:05:44) Selma Moura: Olá, Gabriela. Do ponto de vista legal as escolas bilíngues são como qualquer outra escola. Precisam seguir os Parâmetros Curriculares e todas as leis educacionais. Por isso as escolas bilíngues oferecem um horário expandido, que atenda às exigências nacionais e enriqueça com outras áreas de estudos e conhecimentos na segunda língua. Acredito, porém que como já ocorre na Argentina, em breve teremos avanços em termos de políticas educacionais nesta área.

(04:05:56) Clau: Gostaria de saber qual a melhor estrategia para alfabetizar crianças em ingles..elas ja devem estar alfabetizadas em sua lingua materna, ou o processo pode ser concomitante?

(04:09:36) Selma Moura: Olá, Clau. Essa é uma questão que sempre levanta muitas dúvidas. A resposta depende de alguns fatores, porque a alfabetização é algo complexo, que envolve o domínio da língua em vários âmbitos: cultural, lexical, sintático, fonético. Mas crianças bilíngues, que já tem uma certa proficiência na segunda língua, à medida que vão compreendendo o sistema de escrita, tentam ler tudo o que vêem pela frente. Por isso, é possível e até desejável considerar esse interesse e curiosidade da criança e, com cuidado e formação por parte dos profissionais, proporcionar uma alfabetização bilíngue, para que a criança aprenda a ler e escrever nas duas línguas com competência e tranquilidade.

(04:10:02) Marcelo: Selma, boa tarde. Sao 4h no Japao mas resolvi participar :) A materia da folha do domingo trata principalmente do bilinguismo ingles-portugues. Eu gostaria de saber quais sao as dificuldades extras de educar uma crianca em uma lingua que nao usa o nosso alfabeto, como o japones, e saber se a educacao bilingue e recomendavel nesse caso.

(04:15:39) Selma Moura: Ótima pergunta, Marcelo, e que bom ter sua perspectiva! De fato, quando o registro é mais próximo, como ocorre no caso de português, inglês, espanhol, francês, etc. a diferença é principalmente fonética. Mas comparando línguas com registros diversos, como o português e o japonês no seu caso, a criança precisa aprender a decodificar cada sistema de um jeito bastante diferente. Há semelhanças entre a escrita nas duas línguas (em ambos os casos, por exemplo, a escrita é uma comunicação que tem uma permanência, uma estrutura diversa da fala) mas as diferenças são tão grandes que eu recomendaria que a compreensão de um sistema se dê antes de outro. A ordem depende do contexto: em que escola a criança está, quais as línguas faladas em casa e na escola, como são os materiais disponíveis, etc. Se quiser ser mais específico do seu caso, talvez eu possa dar uma resposta mais direta.

(04:15:46) Taty: Selma, boa tarde! A partir de qual idade vc acha fundamental para começar a aprender outra língua?

(04:20:26) Selma Moura: Fundamental? Não há uma resposta simples para sua pergunta. Algumas pesquisas apontam que quanto mais cedo a criança aprende uma segunda língua, melhor. Outras indicam que o aprendizado também pode ocorrer muito bem quando a criança já domina sua língua materna. Há um certo consenso quanto à pronúncia ser melhor quando se começa desde pequenininho, porque o potencial de emissão de fonemas das crianças pode ir diminuindo com os anos. Mas depende muito mais das famílias, da disponibilidade de boas escolas bilíngues, do objetivo dos pais nesta escolha e do interesse das crianças. Ter acesso a uma educação bilíngue pode ser uma excelente oportunidade para crianças, jovens e mesmo adultos, desde que seja uma escolha bem feita, consciente e duradoura. Quando uma criança fica dois, três anos na escola bilíngue e muda antes de adquirir bem esta língua, fico sem entender porque os pais fizeram essa opção, se na hora de colher os frutos do aprendizado mudam de idéia. Será modismo?

(04:20:30) ruli: Existem pesquisas nessa área que apontam qual o melhor momento para alfabetizar uma criança em se tratando de duas línguas? Melhor concomitantemente, ou uma de cada vez?

(04:22:50) Selma Moura: No Brasil parece que a primeira pesquisa nesse sentido é a minha pesquisa de doutorado. Mas fora do Brasil há pesquisas sobre "biliteracy", e este é um tema que tem despertado muito interesse. De certa forma, respondi essa questão logo acima, para Clau.

(04:23:07) Beatriz: Boa tarde Selma, Moro em Miami e tenho um filho de 2 anos. Diariamente ele interage com 3 idiomas (ingles na TV, portugues comigo e com o pai e espanhol na escola). Ele ainda não fala e as vezes me pergunto se ele não está confuso com todas essas linguas. Vc poderia me dar uma dica de como lidar com isso? Ou como estimula-lo a falar. Muito Obrigada!

(04:26:26) Selma Moura: Olá, Beatriz. É importante que você e o pai conversem muito com seu filho, contem histórias, apontem objetos e os nomeiem, criem um vínculo afetivo através de cada língua que falam com ele. Não há problema nenhum em os pais falarem português e a escola espanhol. Mas procure fazer perguntas e dar oportunidade a ele de responder, não aceitando apenas a linguagem gestual, o que talvez vocês façam até sem perceber. Se ele tiver oportunidade e necessidade de se comunicar, vai fazê-lo.

(04:27:28) caca: Olá Selma, moro nos EUA a quase dois anos e ano que vem volto para o Brasil. Sou pedagoga, fiz e faço ESL, como devo me preparar para me canditadar a uma vaga na escola bilingue, quais são os requisitos que devo ter? Obrigada

(04:29:38) Selma Moura: Como a educação bilíngue tem crescido muito, há muitas oportunidades de trabalho surgindo nesta área. As escolas procuram professoras com formação em Pedagogica, fluência nas duas línguas e experiência em educação. Sugiro investir nessa~s direções e participar de comunidades e fóruns sobre educação bilíngue, como o Grupo Virtual de Educação Bilíngue e o site educacaobilingue.com, para ficar por dentro do que acontece e trocar informações.

(04:29:40) EduRuasTILS: Boa tarde, trabalho com crianças Surdas... existe algum trabalho em andamento sobre a educacao bilingue para Surdos?

(04:32:32) Selma Moura: Olá, Edu. Sim, há muitos trabalhos e pesquisas sobre educação bilíngue para surdos, e já avançamos muito nesta área, embora haja muito mais ainda a ser conquistado. Hoje os cursos de Letras e Pedagogia tem uma disciplina obrigatória de introdução a Libras, e vários programas de pós-graduação têm realizado pesquisas nesta área. Por conta da inclusão, porém, muitas crianças surdas acabam frequentando classes regulares, e eventualmente contam com um intérprete. Algumas pesquisas apontam que o surdo não deveria ser considerado deficiente, mas sim uma pessoa com uma questão linguística, e por isso deveria ter acesso a escolas bilíngues em LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) e Português. Porém, ainda precisamos de muitas escolas assim!

(04:32:35) Lucinete: Boa trade a todos, olá Selma... Gostaria de saber o que vc acha dos cursos que são oferecidos pela internet? Ex. livemocha, vc acha que é possível aprender alguma coisa?

(04:35:15) Selma Moura: Olá, Lucinete. É difícil falar de forma geral, porque assim como ocorre em cursos presenciais, há cursos bons e ruins na Internet, então depende de cada caso. Penso que a vivência universitária proporcionada pela graduação presencial faz parte da formação como um todo, e dificilmente seria substituída por plataformas on-line. Porém, em regiões mais remotas, talvez essa seja a única opção disponível, pois não há tantas universidade fisicamente quanto poderia. Em cursos de aperfeiçoamento talvez tenhamos mais potencial de formação, pois espera-se um aluno mais autônomo e disciplinado, o que é essencial em cursos não-presenciais.

(04:35:30) carlos1959: Eu sou estrangeiro, de fala hispana e meus filhos falam 2 e 3 idiomas fluentemente e vejo aqui em Brasil como algo extraordinario isso. Serão paradigmas de aqui só?

(04:38:03) Selma Moura: Olá, Carlos. Bom você colocar essa experiência. O que ocorre é que o Brasil se acostumou a se ver monolíngue, embora fale mais de 230 línguas. Por décadas as políticas linguísticas proibiram o uso de línguas indígenas e de imigração, e aceitaram apenas a língua portuguesa como oficial, a única em que os documentos oficiais, materiais didáticos, notícias, etc, foram veiculados, o que sufocou a diversidade e a riqueza que compõe o panorama linguístico brasileiro. Parece que agora as coisas estão mundando. Ainda bem!

(04:38:07) MYA: Selma, tudo bem??? Meu filho vai para alfabetização no ano que vem, estou querendo matriculá-lo em um colégio bilingue. mas tenho medo que o português dele fique prejudicado, pois minha sobrinha foi alfabetizada em uma escola francesa e o português dela é fraco. Como devo proceder??

(04:41:09) Selma Moura: Olá, Mya, tudo bem sim, e você? Bem uma escola francesa tem o português com uma carga didática muito menor, praticamente como uma língua estrangeira, pois foi criada para filhos de franceses que desejam manter sua língua, geralmente por estarem no país por pouco tempo. As escolas bilíngues devem ter uma carga equilibrade de português e segunda língua, e seguem o calendário e as exigências legais brasileiras. O português não ficará prejudicado pela educação bilíngue, ms seu filho aprenderá também outra língua. Por isso, fique atenta à carga horária da escola, que deve ser ampliada para dar conta desses desafios.

(04:41:11) Internauta: Gostaria de saber como é visto o ensino de linguas nas escolas municipais e estaduais. O que se pode esperar de ensino bilingue nestas instituicoes

(04:44:41) Selma Moura: Olá, Internauta. Pouca gente sabe, mas há muitas crianças imigrantes nas escolas públicas, que não entendem a língua portuguesa e acabam não conseguindo aprender as matérias, porque não temos ainda escolas ´públicas bilíngues para esse contexto. As escolas interculturais indígenas, as escolas de fronteira e as (poucas) escolas português-LIBRAS são públicas, mas não estão voltadas aos imigrantes. E outras crianças, brasileiras, que desejm ter uma educação bilíngue para ampliar suas competências linguísticas e terem acesso a mais informações e oportunidades, ainda não têm essa opção no Brasil, pois o ensino de segunda língua nesses casos geralmente começa a partir do 6o ano (antiga 5a série). Precisamos avançar muito nesse sentido ainda. Alguns países, como a Argentina, já têm escolas públicas bilíngues.

(04:44:58) fernanda: Olá, Selma. Gostaria de saber se você tem alguma recomendação para os brasileiros que vivem no exterior e não tem acesso à escolas bilingues onde há o ensino do português. Quais são suas dicas para famílias brasileiras nesta situação?

(04:48:07) Selma Moura: Olá, Fernanda. Alguns países oferecem educação bilíngue para crianças imigrantes, e gradualmente vão ampliando a carga horária da língua local e diminuindo a língua materna. Se esse for o caso da escola de seus filhos, melhor. Se não for, os pais precisarão apoiar muito a criança para ajudá-la a aprender a língua do país, sem deixar de conversar, ler, cantar e brincar com seus filhos na língua materna. Vale a pena manter o bilinguismo dos filhos, pois assim eles conseguem se comunicar com os fa´miliares nos dois países, têm mais auto-estima, e também aprendem a língua do país para o qual imigraram. Livros, músicas, vídeos e jogos podem ser excelentes parceiros dos pais neste processo.

(04:48:12) deia: Dentro de um contexto bilíngue, nem todas as pessoas que trabalham na escola falam em Inglês, como secretárias, porteiros, enfim você vê algum problema? Como podemos criar um ambiente harmonioso sem que prejudique o aprendizado da língua?

(04:50:46) Selma Moura: Olá, Déia. Não há problema nenhum, muito pelo contrário! É bom que a criança aprenda que algumas pessoas falam portugu~es, outras falam a segunda língua, outras falam as duas, e muitas outras falam uma terceira ou quarta línguas. Um ambiente harmonioso é um ambiente de respeito e valorização de todas as línguas e linguagens, de crianças e adultos, sem preconceito linguístico. Creio que a escola deve valorizar essas variedades e dar às crianças oportunidades de conhecer, quanto mais varidades melhor, para poder escolher qual melhor se encaixa em cada contexto e objetivo.

(04:50:54) cleo: Sou Professora de Ingles na escola publica e sinto muita frustacao com a falta de interesse dos alunos, mesmo sabendo da importancia do conhecimento de uma segunda lingua. O que fazer para despestar o interesse neles? Mesmo buscando sempre novos caminhos, oi retorno e bem pequeno. Obrigada.

(04:54:00) Selma Moura: Cleo, talvez seja muito difícil para as crianças perceber qual é a relação do inglês com sua vida diária, pois não viajam para a Disney nas ferias, nem conversam em inglês no computador. Uma amiga muito criativa e competente, trabalhando numa escola pública de periferia, usa as músicas que seus alunos adolescentes gostam para despertar o interesse, ampliar o vocabulário, ensinar a pronúncia e conhecer as estruturas linguísticas do inglês. Ela deixa que eles tragam as músicas que gostam, e faz um trabalho crítico sobre elas. Acho-a brilhante. Quem sabe seus alunos não se interessam mais pelo inglês assim, se virem a relação que pode ter com suas vidas?

(04:54:05) Prado: Boa tarde, Selma. Gostaria de saber se é viável uma educação bilingue não oficial, ou seja, em casa mesmo. Sou professora de inglês, formada em Letras, mas não tenho nenhum curso específico nessa área. Como mãe, posso me atrever a ensinar minha filha de um ano nas duas línguas sem confundi-la?

(04:55:41) Selma Moura: Olá, Prado. Pode sim, será uma boa oportunidade para sua filha brincar em inglês com você, ter acesso a livrinhos e jogos, cantar músicas com você, e assim ter seus primeiros contatos com o inglês.

(04:55:45) LSV: Selma, boa tarde! Gostaria de saber para qual perfil de crianca eh importante uma escola bilingue? Isso pq imagino que uma escola bilingue nao consiga focar em tudo o que eh dado em uma escola "convencional". Por outro lado, tem o ganho da aprendizagem de uma segunda lingua. No meu caso, por ex,tenho interesse que minha filha estude em uma escola bilingue, mas, ao mesmo tempo, me preocupo com o desempenho dela no futuro nos vestibulares.

(05:00:03) Selma Moura: Ólá, LSV. Uma boa educação bilíngue atende a necessidade de qualquer perfil de criança. Toda criança consegue aprender duas línguas e por meio de duas línguas, se o trabalho for bem conduzido em casa e na escola. E você não deve se preocupar com o vestibular, mas sim com a formação dela como um todo. Se ela tiver muitas oportunidades de aprendizagem pode se tornar uma moça curiosa, interessada, atenta, inteligente, íntegra, que vai passar no vestibular como consequência dessa boa formação, e não por ter decorado uma série de regras. E depois que passar no vestibular, pode se tornar uma pessoa mais tolerante, respeitosa, com visão de mundo mais ampla, e uma profissional mais competente e preparada para os desafios do mundo.

(05:00:05) Fernanda: Que fontes de informação sobre ed. bilingue você indica aos pais, que estão em dúvida sobre o tipo de escola querem para seus filhos?

(05:01:23) Selma Moura: Olá, Fernanda, nosso tempo está acabando, e sua pergunta vem bem a calhar. Como nem tudo pode ser respondido aqui, convido você e quem mais desejar a visitar meu blog, www.educacaobilingue.com, pois tem muitas informações interessantes e completas.

(05:02:34) Selma Moura: Agradeço a todos por participarem. O tempo passou rápido, e nem tudo pode ser respondido, mas espero poder continuar esse diálogo no blog. Agradeço a atenção, espero ter podido ajudar! Abraços, boa semana! Selma Moura www.educacaobilingue.com

(05:02:39) Moderadora UOL: O Bate-papo UOL agradece a presença de Selma Moura e de todos os internautas. Até o próximo!

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

MPF recomenda que Enem tenha tradutor de libras para candidatos com deficiência auditiva (Danuza Peixoto)

Amanda Cieglinski
Da Agência Brasil
Em Brasília
O MPF (Ministério Público Federal) do Mato Grosso do Sul recomendou que os participantes do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) com deficiência auditiva tenham direito a um intérprete ou tradutor de libras presente no momento da prova. Esse profissional precisa ter, obrigatoriamente, aprovação em exame de proficiência em libras e nível superior.

Durante a prova de redação, o intérprete é encarregado por traduzir os símbolos da libra comunicados pelo candidato para o português. Segundo o MPF, “atualmente a tradução de libras para o português é prejudicada porque os profissionais não têm a devida habilitação”. Com isso, o desempenho do candidato no exame escrito fica comprometido.

A recomendação foi enviada ao Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), que tem dez dias para se manifestar. Ela não tem valor de ordem judicial, mas deve ser observada para evitar futuras ações judiciais.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Estudantes da UFSCar fazem pontes de macarrão em concurso (Danuza Peixoto)

Ana Okada
Em São Paulo

Ponte feita de macarrão por alunos da UFSCar, em São Carlos (SP);

Alunos da graduação de engenharia civil da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) realizaram nesta segunda-feira (13) o primeiro concurso de pontes de macarrão da universidade. Os interessados deveriam fazer uma ponte de até 1,10 cm de comprimento, 50 cm de altura e 20 cm de largura, utilizando apenas macarrão, fio dental, e cola quente, além de tubos de pvc para apoiá-la. Quinze grupos de 5 alunos se inscreveram para o evento.

Mas, alguém pode se perguntar... Por que macarrão? Segundo Kamilla Brambilla, uma das organizadoras do concurso, o intuito do uso do material inusitado é misturar a brincadeira com os assuntos estudados na faculdade. Esse é o primeiro concurso do gênero na universidade, mas a modalidade é difundida em diversas universidades pelo mundo.

O concurso oferece dois prêmios: a ponte que aguentar mais peso leva R$ 500; a ponte que mais se parecer com o projeto da sua idealização ganha R$ 1.100. Os alunos deviam levar suas pontes já prontas e não podem utilizar materiais estranhos ao kit dado pelos organizadores do evento. A equipe vencedora, chamada "Mary Jane", era formada somente por mulheres.


"Trabalhoso"
No início da construção da ponte, Italo Vinícius Galego, 19, não achava que seria tão difícil construí-la: "A gente sabia que ia ser trabalhoso, mas não tanto. Mas valeu a pena", comemora. O grupo de estudantes compete na categoria de pontes que devem aguentar o maior peso possível.


Os estudantes José Henrique Mendes, 21, Driely Alves, 21, Italo Vinícius Galego, 19, e Camila Kussaba, 22, e sua ponte de macarrão

O grupo de Galego se baseou num modelo da internet para fazer sua primeira ponte de macarrão e, como a maioria do grupo ainda está no segundo ano do curso, não têm tanta base para fazer os cálculos necessários para a ponte ficar o mais forte possível. "Ainda temos pouca base, mas quando aprendermos mais, queremos participar de outros concursos", disse.

Apesar do trabalho, o estudante gostou da experiência: "Foi gostoso, trabalhamos igualmente, era difícil ficar parado". Ele tem fé no projeto, mas diz que a vitória será determinada "mais na sorte, mesmo": "Chuto que a ponte irá aguentar de 5 a 7 kg, mas não temos muita ideia", explica.

sábado, 11 de setembro de 2010

Consultor da Unesco defende maior uso de ensino a distância para aumentar acesso à educação (Danuza Peixoto)

Ana Okada
Em São Paulo
O maior acesso a tecnologia apresentado na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostragem de Municípios) 2009 é um incentivo ao uso de EAD (Educação a distância) no país, defende o consultor da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) Célio da Cunha. "O Brasil tem condições de fazer a educação chegar em locais mais longínquos, não podemos perder essa oportunidade", diz.

"Se for bem organizada e de qualidade, ela [a EAD] preenche o seu papel e tem condições de adquirir qualificação pública. Mesmo nas escolas tradicionais é possível ampliar o uso desse sistema", diz.

Para Cunha, o país está "acordando" para a importância da educação, mas ainda não ostenta resultados bons. "Precisamos transformar a educação numa prioridade do país, numa política de Estado; não podemos cometer o erro de não priorizá-la", opina.

Os principais problemas da pasta, na visão do consultor, são o financiamento, a formação e carreira dos professores e a falta de um sistema federativo de educação. "Precisamos acordar um pacto entre união e Estados e municípios para que todos olhem na mesma direção, para que as políticas fiquem acima de disputas partidárias. Esse é um tripé fundamental para uma próxima política de educação", diz.

Analfabetismo funcional
Sobre o analfabetismo funcional, o consultor, que também é professor da UnB (Universidade de Brasília), diz que é preciso que a educação seja de forma continuada. "Entramos na era da educação continuada, essa expressiva população tem que ser objeto de políticas de educação continuada, aliando um componente fundamental: a educação profissional, que é, historicamente, deixada de lado."

"Praticamente um terço dos estudantes brasileiros abandonam a escola porque ela não atende às suas ambições. É preciso que haja o aumento de vagas nos cursos técnicos. Não se presta atenção no mercado informal, mas falta oferecer a esse grande contingente uma educação que possa melhorar a vida dessas pessoas, aumentar seus rendimentos", diz.