A inclusão do critério racial nas ações afirmativas para ingresso na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) voltará a ser defendida hoje (19) pelo professor do Departamento de Economia e membro do Conselho Universitário Marcelo Paixão. Ele participará da reunião na qual será definido o perfil do estudante cotista da universidade.
Histórico defensor das cotas raciais para pretos e pardos (que juntos somam mais de 50% da população brasileira, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Marcelo Paixão avalia que a aprovação da medida é improvável. Mas argumenta que a reunião será um espaço para discutir as barreiras sociais que dificultam o processo de aprendizagem dos negros.
"A proposta é decorrente da constatação de que os alunos negros que estudam no segundo grau da rede pública convivem com barreiras específicas ao seu processo educacional não apenas decorrente da situação social precária, mas também de práticas sociais escolares hostis à presença de pessoas negras", afirmou.
O professor, que representa o Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas no Conselho Universitário (Consuni), avalia que a adoção de ações afirmativas pela UFRJ já será um grande avanço. Como a medida será colocada em prática no próximo vestibular, para ingresso em 2011, de maneira experimental, ele acredita que caberá mais avaliações sobre ela ao longo do ano.
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRJ apoia a proposta do professor Marcelo Paixão e defende o fim da "meritocracia" para entrada na universidade. Os representantes dos estudantes chamam a atenção para os processos de exclusão social que influenciam negativamente o processo de aprendizado de alguns estudantes.
"Para a sociedade em geral, o aluno deve merecer entrar na universidade. Esse debate ignora que o desempenho acadêmico, intelectual, não é um produto individual, que em função das desigualdades sociais precisa ser relativizado", afirmou o diretor de Cultura do DCE, Kenzo Soares.
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