Carolina Gonçalves
Da Agência Brasil
No Rio de Janeiro
A rede municipal de ensino do Rio de Janeiro atingiu a média de 7,5 na primeira fase da Provinha Brasil deste ano. O desempenho no exame, que avalia o nível de alfabetização dos alunos do segundo ano do ensino fundamental, revela um número de acertos superior ao do nível desejável pelo Ministério da Educação para a primeira etapa.
Pelo menos 10 escolas do Rio mostraram aproveitamento de quase 100% na prova, incluindo unidades localizadas em áreas de confronto e violência. Os alunos da Escola Municipal Nova Holanda, no complexo de favelas da Maré, que tiveram aulas interrompidas diversas vezes em função de atos de violência no local, como lembra a diretora Thereza Gonçalves, obtiveram uma média de 9,0 na Provinha Brasil.
Para a secretária municipal de Educação, Cláudia Costin, a melhora na avaliação é resultado do conteúdo aplicado no primeiro ano do ensino fundamental e na formação continuada de professores de alfabetização. A secretária acredita que esses investimentos poderão reduzir a distância entre o desempenho das escolas particulares e públicas.
“As boas escolas privadas vêm alfabetizando em um ano as crianças de 6 anos. Nós podemos chegar a isso. Esses 7,5 significam que, em abril, os alunos do segundo ano já estão alfabetizados. Isso vai gerar também menos analfabetos funcionais. São crianças que não vão ter problema de desempenho no quarto, quinto e sexto ano, como nós temos ainda hoje em alguns casos.”
A secretária disse que o município trabalha agora com o desafio de garantir que 95% dos alunos estejam plenamente alfabetizados. Para isso, serão aplicadas duas novas avaliações. “Em julho, vamos fazer uma prova, nos moldes das nossas provas bimestrais para os alunos de primeiro ano para que cada professora possa saber em que estágio está seu aluno. E, em novembro, haverá uma avaliação externa que vai verificar se a alfabetização está concluída”.
A primeira fase da Provinha Brasil foi aplicada em abril, em 747 escolas da rede municipal do Rio de Janeiro, avaliando os conhecimentos da língua portuguesa, de 58.072 alunos. O exame é elaborado pelo Ministério da Educação que, define, pela quantidade de acertos, níveis que vão do 1 ao 5. Pelos padrões do ministério, na primeira prova, os alunos deveriam obter acertos suficientes que os enquadrassem no nível 3. Mas os resultados apresentados pelos alunos fluminenses nesta fase mostraram que 61% deles já estavam enquadrados nos níveis 4 ou 5.
A superação da nota mudou as metas de alguns diretores, como o caso da professora Iolíris Paes Alves, que coordena o Centro Glauber Rocha, no bairro da Pavuna, zona norte da cidade, que teve média de 9,9. Para ela, no segundo ano do ensino fundamental, a preocupação não é mais a alfabetização apenas, mas o aprimoramento de “conceitos para que, no futuro, esses problemas [que tornaram o estado do Rio como penúltimo lugar no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, o Ideb, que avalia o ensino básico em todo o país] que estão ocorrendo no segundo segmento sejam sanados. Agora, nossa questão é aprimorar e investir na leitura, no reforço escolar dos que ainda precisam de um trabalho mais individualizado”.
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